Da Russia com calor...
Há uns dias que tudo é Rússia à minha volta.
Primeiro, por saber que se estreou o filme "Black Swan" que é só e mais nada o meu Ballet preferido; a história de amor mais triste do Ballet. Foi o primeiro que Piotr Ilitch Tchaikovsky compôs, e para mim não há outro igual. A presença de uma mulher vestida de negro e de olhos encarnados, no meio de cisnes brancos, sempre me assombrou e fascinou! Ando a ver fotos do filme, críticas do excelente papel da Natalie Portman, tudo o que consigo. E até se conseguisse ver o filme seria tão bom!
Mais Rússia, porque estou a ler o romance Ana Karenine, de Tolstoi, e chego à conclusão que ou vivo no século errado, ou serei uma eterna clássica. Pois tudo aquilo que atrai, aquele amor febril, desmedido, cidades imponentes como Moscovo e São Petersburgo e o campo tão bucólico, tão apetecível.
Pode-se pensar que não há nada de bonito com um cisne negro. Esta foto mostra a Prima Ballerina do Ballet Kirov numa atitude tão leve como pérfida. É a Odile, a má da fita. E é perfeita. Os braços, a ponta no chão, a perna em linha e o pé ainda mais esticado, num arabesque perfeito. As costas, o pescoço tudo! Não mexe uma palha.
Não sou deste mundo, agora sou russa, e vivo no final do século 19, sou uma princesa, uso vestidos cujas saias e os saiotes de seda fazem barulho quando me sento no canapé à hora do lanche.
E eu, com a Ana Karenine bem podiamos estar sentadas num Teatro a ver os cisnes a esvoaçar em pontas. Viveram os dois ao mesmo tempo, no mesmo lugar. O Tolstoi e o Tchaikovsky, os dois com "T".
A levar-me de África para o frio mais clássico do mundo.
Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.— Liev Tolstói
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