O algodão é frio



Chegou o Outono. Chegou a chuva. Os dias mais curtos e as noites mais frias.
As folhas a cair. O chapéu de chuva que se perdeu no fundo do armário. Os kispos que se embrulharam com chuva num último dia de Abril.
Chegaram os arcos das luzes e os volts do Natal. Chegou uma nostalgia esquecida de fim de Verão. Princípio de vida.
Chegaram os melros salpicados de chuva, os carros nas poças de água. Os sapatos a escorregar na calçada, o fumo das castanhas, o cheiro do sal queimado.
O forno volta a trabalhar, um cachecol amarrotado, sopas mais densas. As meias aquecem demais os pés, o algodão é frio mas a lã é sufocante.
Chega um balanço forçado, em jeito de final de ano. Chega uma especie de tristeza
Da minha janela passam as estações.
Tudo muda do lado de fora.
Pouca coisa muda do lado de cá.

Comentários

Anónimo disse…
E as estações, mesmo que não pareça, fazem-nos mudar do lado de cá....aqui também às vezes nada muda mas o tempo vai sózinho puxando por nós.Só que se arasta e quanto mais novo se é mais devagar se sente esse puxar para a frente!
Aquilo por que vocês os 3 esperam há-de-chegar e a minha fé fica cada vez mais forte....
E acredito com tanto amor que fico à espera de mansinho do lado de dentro.

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