eu não sou deste tempo III


 
 
 
 
 
 
 
 

Perdoai a minha ausência. Entre férias com o bolinha, que de bolinha já pouco tem (conto depois), férias sem bolinha (ainda duram), ir e vir, fazer malas, lavar roupa, faxinar e todos os verbos na conjugação das limpezas, além de passar a ferro e varrer escadas - não tenho tido vagar para o meu bolo de arroz.
 
Mas hoje, depois de ter comido um bolo de arroz, e a seguir ter levado com um carro em plena Rua Castilho, que do nada resolve virar e bate-me em cheio na porta onde estava a cadeirinha do Martim, com ele lá sentado, claro - pensei, a caminho de casa, duas horas depois, de declaração amigável em punho e sem Martim, que entretanto voltou para o Pai: "Porra (foi mais outra palavra que eu disse)... convém ir lá escrever senão rebento." 
 
Assim, estas férias estive embebida em sítios e locais anteriores a mim.
E como eu adoro estes cenários...
 
Primeiro, os 70 anos do meu Pai.
O meu irmão desenhou os Rolls Royces, e eu irei escrever a história do meu bisavó: José Garcia Rugeroni.  
 
Segundo, a minha ida ao Turf, onde "menina não entra".
Adoro esta cena do clube exclusivamente machista, com salinhas de espera para as senhoras, cenas de 1882, coração do Chiado, coisas ultrapassadas mas bonitas e eternamente clássicas.
 
Terceiro, os meus dias em Azeitão com o pipoca em casa da minha querida prima.
Um lugar lindíssimo, cheio de charme, com um jardim gigante onde imagino conversas e detalhes de vestidos e senhores de casaca a fumar cigarros de engate.
 
Quarto, a festa em Coruche.
Uma casa do século passado que todos os anos, ao dia 15 de Agosto, abre as portas para os amigos - um género de festa queirosiana, com bebidas, gelo e velas a derreter. Gente bonita e velha, coisas velhas e bonitas.
 
Por fazer parte, ou pelo convite que me leva, sinto-me uma privilegiada em participar nestes momentos, cenários, ocasiões.
São lugares cheios de história e de passado, que eu muito aprecio.
E é por isso que eu não sou deste tempo!
 
 


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