Se estivesses aqui
Fez por estes dias um ano que aconteceu o Estoril Open . Pois acontece todos os anos, sempre por esta altura. Deve vir escrito nos manuais (que não existem) sobre quem vive um luto, o clássico comportamento do 'há um ano'. Desde a partida do João, quase todos os dias, faço o exercício: 'há um ano'. Até ao dia em que uma pessoa morre, tudo passa a memória. A seguir, o presente deixa de existir. Então os enlutados gravam os dias do calendário , como ferros em brasa sobre a pele macia de um vitelo: o passeio no Guincho, o almoço do arroz de pato, o primeiro tratamento, a última operação, aquela consulta, a ida ao Estoril Open . É um ato de autoflagelo com consentimento do próprio. O João amava ténis - jogar e ver. Eu, só mesmo ver, e mesmo assim. Cresci no Clube de Ténis do Estoril, hoje Centro Congressos do Estoril, onde todos os fins de semana jogava-se a vida no court de terra batida. O João era craque, ganhava torneios, era federado, tinha um treinad...