Ao fim da primeira semana em África, já na nossa casa, com o frigorífico e a despensa bem compostos, as rotinas mais ou menos instaladas, começo finalmente a adaptar-me a tudo isto.
Não é à falta do banho quente (estas casas não têm água quente), da internet que há 2 semanas está afundada no meio do Índico entre tartarugas e baleias e não dá sinais de vida, do Pingo Doce com os sacos de rúcula lavada e do pão integral ao pequeno almoço, do leite magro e do fiambre de frango…
Não é à falta do banho quente (estas casas não têm água quente), da internet que há 2 semanas está afundada no meio do Índico entre tartarugas e baleias e não dá sinais de vida, do Pingo Doce com os sacos de rúcula lavada e do pão integral ao pequeno almoço, do leite magro e do fiambre de frango…
Começo a adaptar-me a este tempo, que não é um tempo onde eu tenha nascido. O meu corpo está feito ao relógio de um despertador europeu a pilhas e faz “tic-tac” como o seu ritmo certo e compassado.
Os dias aqui começam tão cedo que há galos que cantam às 02h30 da manhã… e acabam tão cedo que às 19h00 não nos importamos de vestir o pijama e ir para a cama com um livro, até o sono vir. E ele vem. E dormimos.
E pela tarde, o sol anda alto, espreita pelo ar quente e pelas nuvens tão bem desenhadas e completamente diferentes de qualquer tipo de nuvem que alguma vez conheci (tal como há um guia de aves europeias, acho que, por exemplo, deveria haver um guia das nuvens africanas, elas são realmente muito próprias).
As horas esticam e penduram-se nos embondeiros e lá esperam que o dia passe. O despertador das pilhas pode andar sempre “tic-tac”, mas as horas estão a olhar para a Baía e a ver os barcos a chegar e a ir, os pescadores a recolher as redes na praia, as crianças a brincar descalças em cima do ferro velho…
E o meu ritmo não sabe o que é isso, de ver as horas penduradas num embondeiro… e então dou por mim a pensar que não difícil viver a correr, com as horas a passar de forma estupidamente rápida; o que é difícil é viver devagar.
Porque aqui, cada minuto são 60 segundos, e o nosso coração bate 57 vezes, e inspiramos oxigénio e o sangue corre-nos pelo corpo, e a aranha acrescenta uma linha à sua teia, o pássaro preenche o silêncio e o caju amadurece mais um bocadinho. Mais um minuto.
Nota: este cajueiro está em frente à nossa casa e a Micha é nossa vizinha...
Comentários
PARABÉNS por teres uma alma tão grande e generosa!!!mas..........fazes-me tremendamente falta.
Saudades e admiração da tua Amiga Inês HD