O amor que nunca foi



As relações aos 40 não se definem tão bem como com 20, em que ou se é namorado/a ou não.       Há agora uma versão alargada de tipos de relacionamentos. Em 5 anos de vida “solteira”, tive um namorado sério  e outros casos; encontros vagos, conhecimentos, cenas da vida sentimental moderna, ao estilo século XXI.
Do que falo, no amor que nunca foi, são aqueles em que nem pela parte física se consumaram. São apenas encontros – e estados de enamoramento (meu) não correspondidos. E aqui voltei não aos 20, mas aos 16 anos. O meu primeiro amor foi ao 16, esse correspondido e tão apaixonada fiquei, que só me apercebi quando acabou. Ou seja, quando deixou de o ser. E foi um horror aperceber-me que perdi o momento de estar apaixonada, porque não sabia que aquilo era paixão. E fiquei por isso mais atenta. E agora já sei. E como me permito observar a mim mesma, e me divirto com isso, até faço poesia. 

Apaixonei-me no Verão passado e foi assim..

"Foi o toque das suas mãos. E o sorriso.
Havia uma película fina de ar, entre os dedos e a minha pele. Nesse milímetro ficou a minha paixão – assumida e imensa. Também a voz, o olhar e o cheiro. Mas foi naquele ar fino, nuns átomos de vida, que me apaixonei por aquele homem.
Depois,  foi a mão dele a subir pelas minhas costas. Os beijos no meu pescoço. Foi o abraço. Foi o cheiro. E o pescoço dele, onde afundei a minha cara.
Foi um coração escondido, enquanto o meu escancarado. 
Foi o toque que me deu nas costas. No dedo do pé, quando o prendeu e soltou. Na minha barriga, quando a agarrou, num último beijo.
Foi a paixão mais bela de todas as paixões mais tristes."

Não foi triste, na verdade.
Hoje leio e até me dá vontade de rir! Se o vir, tudo passou. E é isto que assusta, é que tudo passa. Mesmo.
Até o amor que nunca foi.  

Comentários

Pedro disse…
O verão é que nunca mais chega :)

(é tão, mas tão bom voltar a ler-te)
Anónimo disse…
O tempo passa, as coisas perdem a nitidez e o brilho.
E aquilo que era tão importante, tão avassalador, ao fim de algum tempo começa a passar.
E o que fica são as boas memorias do que se viveu, e a certeza de que não se perdeu a capacidade de Amar.

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