Casa


Sempre gostei de imaginar o sítio onde as pessoas estão quando apenas as conhecemos pelo telefone. Como se vestem, os traços que as distinguem.
Como também sempre gostei de imaginar o espaço onde alguém escreve. Como será? Escreve na cozinha? Numa mesa grande, ou com o computador ao colo?
Aqui está onde eu escrevo.
Os 95 textos deste Blog (quando chegar aos 100 fazemos uma super campanha de desconto em micas plásticas) foram escritos aqui, no meu escritório com janela para a rua e vista para a sala, em frente.
Eis-me aqui novamente a escrever pela última vez neste espaço físico; já o virtual continua, mas o bolo de arroz vai mudar de casa!
A ideia assusta-me, pois eu sou tipo bicho que quando chega cria o seu "ninho", marca o seu território e dali ninguém se mexe.
Mas quis a vida que nada assim fosse, e assim tornei-me num paleolítico superior. Já não sou tão primata... assumo que nada me pode prender e só interessa o que viaja cá dentro de mim.
E para um último texto vindo daqui, não podia deixar de me despedir da minha casa.
Foram só 5 anos, mas talvez tenham sido os mais "centrais" da minha vida.
Passei aqui para o 2º terço da minha vida (chegando eu até aos 90), descobri que afinal nada é como esperamos ser, que há quem nos faça mal, que há coisas que não nos são devidas só por que as merecemos, que a vida não é assim tão fácil.
Cresci aqui dentro, muito mais do que em qualquer outra casa.
Esta casa tem uma alma grande e sempre me recebeu bem.
Todos que cá vieram sentiram isso mesmo, é uma casa com bom espírito!
A sua energia foi essencial para me ajudar a passar por dias e por horas muito difíceis.
Assistiu ao meu desabalo, onde espero nunca mais conhecer-lhe a cor e o cheiro.
Trouxe-me de volta, deu-me a sua luz, a sua altivez, os seus traços longos.
Hoje escreve comigo estas linhas. Sabe receber quem vem de novo e aguarda ansiosamente por conhecer outros passos, outros ecos e outros cheiros.
A mim resta-me despedir e agradecer a sua companhia por estes anos.
Adeus casa.

Comentários

francisco disse…
com certeza q tb vais arranjar um cantinho positivo nesta nova casa. e depois lá para as áfricas tb...tou a imaginar assim uma cena com as janelas abertas, sol e ar quente. um jarro com sumo de manga e uma estante cheia de autores (do luandino ao mia, passando pelo meu compatriota germano de almeida) e cadernos.

e sim...sentado na estante ou noutro canto qq aposto q vai estar um macaco. (ñ digo um leão pq ouvi dizer q esses tipos são tramados)
Anónimo disse…
Dou .......ummmmmmmm ...... 1.000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000.......valores.
Mas o que valem estes zeros , todos fantásticos, ao lado do fenomeno difícil de medir ,que é o facto de tu transportares contigo pelo menos até aos 90 a capacidade escreveres todos os dias lindíssimos quadros para as pessoas lerem.Ao lado desse fenomeno os zeros não chegam nunca serão contablizaveis

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