Estaremos a dar demasiada importância ao sexo?
Sex is overrated
ou em português, mas com muito menos graça, estamos a dar demasiada importância
ao sexo. Parece que afinal existem outras coisas e que à parte da necessidade
fisiológica e do prazer associado, não há muito mais para além disso mesmo.
Tanto em casal, como no estado de solteiro, tende-se a
sobrevalorizar o tema. Se o casal está em crise, a primeira pergunta é: há
quanto tempo não coisam? Se solteiro, contam-se os meses e ao fim de um tempo
vive-se com a abstinência. Tornando-se assim uma espécie de tema dos AA: “Olá, eu sou a/o... e estou há 11 meses sem ter sexo.”
O sexo não é tudo
No outro dia, em conversa entre amigos, homens e mulheres,
falava-se da improbabilidade de um casal ainda estar junto, quase ao final de
um ano. Ela e ele não combinam em nada, aquilo é impossível durar há tanto
tempo. Até que um disse saber muito bem porque ainda estavam juntos. “Para mim só
há uma explicação!” E a resposta é... o sexo! São o oposto um do outro, mas na
cama funcionam como um só. E isso faz durar uma relação durante quase UM ANO?! Pelos
vistos faz. “O pior é quando partilham a casa de banho, o copo da escova de
dentes e os cheiros”, continuou o meu amigo. Pois. Ora ai está uma coisa que
destrói qualquer incursão pelo mundo da luxúria e da fantasia sexual … os
cheiros.
O sexo não é tudo, ou não deveria ser tudo. Se há mais ingredientes na pizza, porque se faz do sexo a pizza inteira? Talvez seja pela parte mais imediata, mais rapidamente adquirida, a tal química, a cena física, o desejo. Mas se assim for, a verdade é que quanto menos pizza se vai comendo, menos se quer. Tendo a descobrir que é mesmo uma questão de hábito. Em não havendo um “parceiro regular”, a pessoa vai apagando as memórias físicas e sensoriais, até que um bom gelado com cobertura de chocolate quente e uns rolinhos de wafer, um jantar entre amigas e garrafas de vinho, uma caminhada matinal pela praia preferida, uma viagem, ler um óptimo livro e coisas assim, valem pelo sexo que não se tem. Ou será antes, pelo parceiro inexistente? Não.
Sexo
pode existir sem relação. Não sejamos tão obtusos e caretas. Qualquer mulher,
ou homem, pode e deve ter sexo sem strings
attached (cordéis a agarrar). É natural, como beber Luso. Temos mais de 40
anos, estamos século 21, usaremos sempre protecção e, atenção, equilibra
a fauna e flora. A minha
ginecologista diz que é melhor haver, mesmo sem os cordéis a agarrar, do que
passar por jejuns prolongados. Depois desses meses todos em inactividade, apanhamos
todos os fungos e bactérias e temos de ir à farmácia comprar aqueles produtos
que têm uns anúncios ridículos na televisão. “Apanhem-se fungos!” – ela é uma modernaça.
Afinal, é uma questão de fungos. Eu sabia que
este meu texto haveria de algures concluir cenas tão incríveis como o sexo ser
acerca de fungos.
Não me irei alongar mais. Ficou impecável.
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