A descoberta do (D)Ouro!

"Começa em Miranda a acaba na Foz, este calvário. Começa em pedra e cal, e acaba em pedra e água. Como nos pesadelos, não há nenhum intervalo para descansar. Entra-se e sai-se do transe em plena angústia.
No Portugal telúrico e fluvial não conheço outro drama assim, feito de carne e sangue.
(...)
Doiro, rio e região, é certamente a realidade mais séria que temos.
(...)
E é, no mapa da pequenez que nos coube, a única evidência incomensurável com que podemos assombrar o mundo."
Miguel Torga, Portugal (1ªedição 1950)

A primeira vez que conheci esta realidade assombrosa foi em Dezembro de 2003 e ninguém me preparou para o que iria conhecer. E o que acabou por acontecer foi que senti no corpo um diálogo intenso com esta região. Não existe, nem mesmo em África descobri, outro lugar onde o silêncio seja tão ensurdecedor. São contrastes de sensações, cores e texturas e sempre o sabor do líquido doce na boca.
O meu primeiro Romance (e único) foi escrito depois dessa primeira viagem, e comecei a respirar Douro por todos os poros. E quando se fica em casa de amigos, que nos recebem como uma família, numa casa carregada de histórias e de vidas intensas, torna-se tudo ainda melhor.
Que sorte tive eu, em conhecer assim o Douro!

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