40
Não podia deixar de escrever
neste meu canto (afinal este Blog é a minha sala – e que bom está a ser
regressar a ela), o que foi ter feito 40 anos.
A vida é um cliché, e os 40 e
tudo o que se diz sobre isso é o melhor dos clichés. É tudo verdade. Com 40 já
não há saco para merdas. Perder tempo com amizades que não retribuem, pessoas
tóxicas, gente sem interesses na vida, dietas idiotas, bebidas sem álcool, sexo
morno, roupa e sapatos apertados, maus livros, roupa interior aborrecida… não
dá!
Os 40 é como quando fazíamos 10 e
íamos para o 5º ano. Deixa-se o único Professor, numa só sala e passa-se a
ter várias salas, vários professores e várias disciplinas. Afinal a vida é
isto! E isto é um crescimento brutal. E os 40 é passar a perceber que a vida
tem várias facetas, pessoas envolvidas, relações, casamentos, filhos, empregos,
divórcios, traições, e cenas lixadas como envelhecer e ver os outros a
envelhecer. Mas no final de tudo, tudo é um cosmos imenso, o nosso cosmos, que
com uma grande dose de sorte e acaso vai-se gerindo, e as peças vão-se
encaixando.
As aulas/disciplinas são todas
umas a seguir às outras, intervalos curtos, pouco tempo - há pouco tempo para
merdas, portanto. Eu comecei a afastar-me de pessoas pouco inteligentes – tenho
pavor da burrice (não é dificuldades de aprendizagem, ok?), é gente burra,
superficial, fica ali pela rama, aprofunda pouco, exige poucochinho.
Com 10 anos não nos aflige tanto
que estamos a envelhecer, com 40 não é bem assim. Há uma ideia de “finitude”
que chega. Principalmente sendo mulher, sozinha, com um filho, sente-se que são
mais 10 anos que temos à nossa frente, para retirar este sumo todo da vida. Até
aos 50 acho que estamos sempre bem e a tempo. Depois, não sei. Mas como o
exercício deste recomeço é o “viver o dia de hoje”, vamos então viver os meus
40 anos e uns 270 e tal dias. Hoje.
Tirando uma displasia da anca que
me apareceu no Verão passado, e que a tinha desde nascença provavelmente, e me
fez reajustar todo o exercício que fazia, eu adoro ter 40 anos. A vida é isto!
E é boa e é f*%ida (outra coisa dos 40 é a quantidade de asneirame que se diz sem
qualquer pudor). E pronto, com isto a malta vive um dia de cada vez. O objectivo
não é ser feliz todos os dias. O objectivo é não cultivar a infelicidade, e
viver momentos de felicidade, sabendo que há dias f*%idos. Aos 40 sabe-se que a
felicidade é mais um estado de ausência de determinados pensamento e atitudes
negativas, que nos baixam a moral, do que a vivência de uma plenitude – que não
é eterna, nem real.
Aos 40 há cabelos brancos (bolas,
tantos que me estão a aparecer) e dores, ressacas horríveis e dois quilos que
demoram 3 anos a perder. Mas quando fiz 40 senti que me deram uma 2ªvida –
assim como nos jogos de computador. “- Deram-te uma vida extra, Rita. Aproveita
e joga!”
As doses de uma certa ansiedade
vêm daqui, pois; ando com níveis de “expectância” (não expectativas) elevados,
que procuro reduzir ao dia de hoje. Acho que um dos truques é "deixar correr" –
como a água que corre no Rio. Belo cliché, hein? Eu não disse que os 40 são a
idade que junta todos os clichés?
Fiz uma festa ao pôr do sol, com Cascais ao fundo (na foto) e fui a Bali. Festejei os 40 com as amigas de toda uma vida e depois fui conhecer novas amigas. A tal "nova vida".
Belos clichés, aos 40.
Belos clichés, aos 40.
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