Escapismo

Desde o começo do ano que me tenho dedicado a uma prática que me regala (belo verbo este): o escapismo. 

Ora vejam aqui a definição da palavra:

escapismo

es.ca.pis.mo (i)ʃkɐˈpiʒmu

nome masculino

1. tendência para fugir à realidade, principalmente situações vivenciadas como difíceis ou desagradáveis, através da fantasia ou atividades lúdicas

E é tudo feito com as mais clássicas das armas. As redes sociais são o escapismo sob o efeito de esteroides. Até reduzi o consumo dessas redes tão tóxicas quanto estéreis. Este blog é um simpático cão pachorrento que se deita a contemplar. Nada tem a ver com a comunicação passivo-agressivo-coiso que se passa no instagram, nomeadamente. 

Rita, a escapista 

Ora. Primeiro fiz uma lista de filmes, dos que já têm bons anos, que quero ver e outros rever. Depois, fiz como o povo, e na horrenda Black Friday, comprei uma televisão maior. 'Martim, vamos à Worten' - e fomos!

Este foi o inaugural. Annie Hall - era dos preferidos do meu Pai e é uma coisa belíssima, de não cansar ouvir os diálogos entre os dois. Outros se seguem, mas é difícil de encontrar alguns.


A seguir, dediquei-me de forma afincada, e com a ajuda de cúmplices, à poesia. Hoje, digo com orgulho, que a última coisa que faço antes de fechar a luz para ir dormir é ler um poema. E na manhã seguinte, a lei do Universo conspirador devolve-me um poema, que chega por mensagem. Há poesia, muita poesia por descobrir. É um Mundo sem fim.

Também tenho escolhido ouvir Podcasts, nas viagens de carro até ao escritório, sobre livros, escritores, música, músicos, vida, ... 

E, óbvio, como não podia deixar de ser, a música. Reuni todos os meus discos de música clássica no Spotify - ainda faltam uns quantos, mas os essenciais, os que ouvia de fio a pavio em Moçambique, e outros mais que consegui listar de acordo com a lista valiosíssima do (meu) Pedro. Discos como o da Clara Haskil, que até o Papa Francisco diz que ouvi-la o leva até Deus. 


E o 2º andamento do Concerto nº1 Chopin para Piano. Isto juntando à minha ida até Bruxelas, em novembro, para com o Pedro e o Xico, 'celebrar música e eternidade' e ouvir o Concerto nº 2 de Rachmaninoff para Piano, o preferido do meu Pai. 



Ainda acrescento a escrita. Evidente. 

E ainda sonhar, sonhar acordada. Muito. 

E no final de tudo, de tudo o que o escapismo me dá, e me faz sair deste quotidiano que está cheio, pleno de dor e quase medo, confirmar com isso que ainda me chegam cartas, que me dão o cognome de 'ilustre amiga' e me enchem o coração.

Escapo-me, mas é nesta atmosfera que vivo cada dia. Que se cumpre cada nascer e pôr do sol.


Vive-se cada dia. Escapo-me por cada sonho.



Comentários

Leonor disse…
Um dos meus escapismos preferidos é binge watching na Netflix, tipo ver 10 episódios de qualquer coisa numa noite! :)
Acrescentei esses álbuns clássicos à minha lista e sei que tens muita coisa que já vinha do teu pai, mas deixo a sugestão da minha peça de música clássica preferida (so far, pelo menos): concerto para violino de Tchaikovsky. É qualquer coisa.
Beijinhos, querida Rita.

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