Se tu visses o que eu vi....

Hoje vi tanta coisa.

Na fila dos correios, um paquete de Hotel aguardava pela sua vez enquanto lia as dezenas de postais que os hóspedes do seu Hotel inocentemente depositaram na recepção, a aguardar um selo e uma viagem até aos CTT mais próximos.
Primeiro virava-os para ver o tema: Castelo de São Jorge, Serra de Sintra, Jerónimos e depois lia-os com indiferença e até algum desdém.

Numa paragem de autocarro, de uma rua bem movimentada, dormia sentado um sem abrigo, com uns headphones nos ouvidos. Talvez ouvisse música. Talvez esperasse que algum autocarro o tirasse dali, o levasse para longe, para acordar de um pesadelo.

Nos bancos de um jardim homens olhavam para as horas que não passavam. Na esquina da rua mais um grupo de homens aguardava pela vida. Os dias são compridos demais e quando se está na rua, sem casa, sem rumo, as horas desafiam a nossa resistência.

O que lia os postais à espera do nº 227 está farto da vida, tem uma barriga grande e o colete da farda incomoda-o quando almoça o resto do Buffet farto do Hotel. O sem abrigo que não sabe se espera pelo autocarro nº723 está também farto da vida mas tem fome, não toma banho há muitos dias, não dorme em cama nenhuma e nunca entrou num Hotel.

Comentários

Anónimo disse…
Todos nós pessoas temos ideias.É uma qualidade que nos foi dada pela natureza.E é assim que existem ideias boas e más.De qualquer maneira uma das ideias que eu tenho é a de que todas as pessoas como que deviam escrever um "diário" no qual podiam escrever tudo o que quisessem mas principalmente deviam escrever e dar a sua opinião acerca desta vida que é vivida pelo nosso comportamento.Isto é, assim que se nasce existe comportamento humano.Esse diário seria escrito na internete e estava sempre ao dispor de todos.Quando pela primeira vez que pensei nisto não havia internet.Há dias, o Mário Crespo entrevistou um filosofo português , que como tal vive em França e é lá professor na Sorbone há muitos anos.Chama-se José Gil e já escreveu um livro acerca do nosso comportamento como povo.O livro tem o nome de O Medo.Nesse livro, no qual ele se inclui, dá opinião de que os portugueses têm medo de dar o passo em frente para se modernizarem.Ora , na entrevista que foi feita pelo Mário Crespo há dias e relativamente ao resultado das eleições legislativas o filosofo deu a sua opinião dizendo bem e mal.E mesmo no final da entrevista pedio um segundo ao Mário para poder dar a opinião dizendo - sabe Mário , nós os portugueses somos tão espertos tão espertos que qualquer dia ainda havemos de ser intelegentes.Tenho dificuldade em explicar o que senti quando isto foi dito.Senti-me a levitar de tão leve que me sentia e falei para mais de não sei quantas pessoas.Era só ver a cara do Mário.

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