Se tu visses o que eu vi....
Hoje vi tanta coisa.
Na fila dos correios, um paquete de Hotel aguardava pela sua vez enquanto lia as dezenas de postais que os hóspedes do seu Hotel inocentemente depositaram na recepção, a aguardar um selo e uma viagem até aos CTT mais próximos.
Primeiro virava-os para ver o tema: Castelo de São Jorge, Serra de Sintra, Jerónimos e depois lia-os com indiferença e até algum desdém.
Numa paragem de autocarro, de uma rua bem movimentada, dormia sentado um sem abrigo, com uns headphones nos ouvidos. Talvez ouvisse música. Talvez esperasse que algum autocarro o tirasse dali, o levasse para longe, para acordar de um pesadelo.
Nos bancos de um jardim homens olhavam para as horas que não passavam. Na esquina da rua mais um grupo de homens aguardava pela vida. Os dias são compridos demais e quando se está na rua, sem casa, sem rumo, as horas desafiam a nossa resistência.
O que lia os postais à espera do nº 227 está farto da vida, tem uma barriga grande e o colete da farda incomoda-o quando almoça o resto do Buffet farto do Hotel. O sem abrigo que não sabe se espera pelo autocarro nº723 está também farto da vida mas tem fome, não toma banho há muitos dias, não dorme em cama nenhuma e nunca entrou num Hotel.
Na fila dos correios, um paquete de Hotel aguardava pela sua vez enquanto lia as dezenas de postais que os hóspedes do seu Hotel inocentemente depositaram na recepção, a aguardar um selo e uma viagem até aos CTT mais próximos.
Primeiro virava-os para ver o tema: Castelo de São Jorge, Serra de Sintra, Jerónimos e depois lia-os com indiferença e até algum desdém.
Numa paragem de autocarro, de uma rua bem movimentada, dormia sentado um sem abrigo, com uns headphones nos ouvidos. Talvez ouvisse música. Talvez esperasse que algum autocarro o tirasse dali, o levasse para longe, para acordar de um pesadelo.
Nos bancos de um jardim homens olhavam para as horas que não passavam. Na esquina da rua mais um grupo de homens aguardava pela vida. Os dias são compridos demais e quando se está na rua, sem casa, sem rumo, as horas desafiam a nossa resistência.
O que lia os postais à espera do nº 227 está farto da vida, tem uma barriga grande e o colete da farda incomoda-o quando almoça o resto do Buffet farto do Hotel. O sem abrigo que não sabe se espera pelo autocarro nº723 está também farto da vida mas tem fome, não toma banho há muitos dias, não dorme em cama nenhuma e nunca entrou num Hotel.
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