Mano's
Só se falar da coragem dos que partem, não é justo.
Há que congratular os que ficam, os que não são levados pelo assustador "brain-drain" que está a tomar lugar em Portugal.
Num País, que eu vou assistindo de longe pela televisão, a ficar cada vez mais reduzido, mais frágil, mais exposto, mais sozinho...
Quase todas as semanas conheço alguém que está a sair. Suíça, Macau, Londres, ...
Até eu, na próxima semana, irei tornar-me oficialmente emigrante, com o B.I Moçambicano (cá chamado de D.I.R.E) e o direito de residir no País.
E os outros que lá ficam? Faço-me essa pergunta todos os dias. Pois avizinham-se tempos tão difíceis, tão complicados. De uma crise, no seu verdadeiro significado, que é um impasse, um enorme período de incerteza.
E os outros que lá ficam? Faço-me essa pergunta todos os dias. Pois avizinham-se tempos tão difíceis, tão complicados. De uma crise, no seu verdadeiro significado, que é um impasse, um enorme período de incerteza.
Mas eu quero felicitar quem fica, quem ainda sonha, quem luta, quem remexe no meio do pântano.
E como só tenho um irmão, posso dizer que é o meu preferido e o melhor do mundo, e mostro aqui o trabalho que ele tem vindo a fazer numa escura e esquecida fatia da produção artística em Portugal: o design.
E no Blog dele está lá tudo, para verem que não é só orgulho de irmã, é mesmo tudo bom o que ele faz!
Comentários
God bless you both
Tenho muito respeito e admiração por quem arrisca tudo por um sonho maior e não se conforma com a mediocridade, e o vosso exemplo é como um wake-up call que diariamente estremece os meus sentidos.
A verdade é que nós portugueses somos um povo que anda nos últimos anos muito distraido, mas também a tentar encontrar o seu lugar na voragem dos tempos da globalização, é preciso lembrar que desde 74 tivemos que nos adaptar a dois grandes sistemas que até ai nos foram vedados ou que ainda estavam num estágio primário de evolução: o espaço comum europeu e os seus valores, aos quais desesperadamente nos tentamos ligar mas por estarmos no fim da linha e por sermos um povo demasiado tranquilo, o coração da europa está sempre longe; a malfadada globalização que com as suas promessas de prosperidade para todos sem excepção não faz esquecer que é uma invenção dos povos ricos do norte e que até agora só tem servido para explorar e brutalizar os povos pobres do sul, e no nosso particular, encher a paisagem de centros comerciais que mais não são do que terminais de pipeline do dinheiro (obviamente com um só sentido) das grandes corporações norte-americanas e norte-europeias que a todo custo nos impingem coisas que não precisamos e que não podemos pagar, mas graças aos avanços do estudo da psicologia humana, não lhes resistimos!
Como se percebe a nossa tarefa não é facil, mas creio que ainda nos restam algumas ferramentas para fazer virar o jogo a nosso favor, e não estou a falar de computadores miniatura de cor bonita que á boa maneira globalizada orgulhosamente vendemos na américa do sul: por estarmos na periferia do furacão do progresso devemos cultivar a capacidade de refletir sobre os problemas modernos e divulgar os resultados, tal como Saramago o fez até aos seus últimos dias; celebrar as nossas criações e as nossas tradições culturais, mas resistindo aos nomes sonantes e apostando na diversidade cultural que caracteriza um povo que em tempos já deu "novos mundos ao mundo"; contratar uma empresa de bio-tecnologia e clonar o António Barreto (esta é só "wishful thinking"); consumir com mais critério os media, a televisão que em 97% dos casos difunde cócó na forma de conteudos embrutecedores e alienizantes leva dianteira escoltada pela publicidade que não se cansa de enganosamente vender sonhos diante uma plateia de animais quase-humanos saidos de uma sessão de grupo do Dr. Pavlov, ainda com um fiozinho a escorrer..
No fundo resume-se a usar só um pouco mais a nossa massa cinzenta e confiar nas nossas capacidades e desmistificar a ideia de só os outros fazem bem.
Eu vou fazendo o que melhor sei e posso e acredito que o local que habito é o melhor meio para continuar.
Só tenho de te agradecer pelo incentivo e apoio e por teres enriquecido o meu mundo com as tuas visões africanas e palavras universais.
Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
No youtube também já se pode ver e ouvir