This is not a baby blog, BUT...
Já imaginei este texto umas dezenas de vezes, já o escrevi na minha cabeça e já o terminei, mas a verdade é que só agora o estou a começar.
A verbalização e o envio "deste tema" para o mundo, para vocês, meus caros leitores, é quase uma ecografia à minha mente, que vem confirmar o que já há alguns meses se vem passando dentro de mim há quase 20 semanas.
É verdade, sim senhora!
Há 20 semanas que tenho a companhia do Martim.
Esperei algum tempo para dar a notícia aqui no Blogue, é verdade, mas dada a dimensão da realidade que agora vivo, adoptei esta posição mais "defensiva" se lhe quiserem chamar.
Não quero fazer o papel da vítima, que nunca me serviu, mas para quem literalmente lutou contra a infertilidade durante 8 anos, esta notícia, este Martim que aqui mexe e a quem já bate um mini coração, é uma espécie de confirmação da vida em Marte.
À primeira não acreditamos.
Nem à segunda, ou à décima primeira.
Foram 8 anos de um NÃO redondo. Era sempre NÃO.
Eu habituei-me ao NÃO, adaptei-me, já o conhecia tão bem, lidava com ele, sabia-o de côr, era-me fácil manejá-lo e quase aceitá-lo.
Quando obtive o SIM, demorou muito tempo até saber o que fazer com ele e como o aceitar. Eu nunca soube o que era ter um positivo.
Fiz várias tentativas, ou seja, tratamentos, coisas complicadas que não vale a pena estar aqui a explicar, léxicos de outro dicionário, adquiri uma cultura de um mundo que só alguns conhecem, demasiado científica, rebuscada, crua.
Havia poucos, ou nenhuns, com quem eu pudesse partilhar esse "meu problema". Os que me ajudaram era outros dos demais, dos que também lutaram e continuam a lutar contra uma evidência menos positivia e extremamente destruturante da vida, que só a alguns calha.
E como eu sempre disse, quem enfrenta este problema e o procura resolver, olhando-o de frente, é como quem entra numa maratona.
Ou seja, tem de estar no seu melhor psicológico, físico, financeiro, emocional e tudo mais, com a agravante que não tem ideia onde é a meta. Não se pára aos 42 kms.
Pára-se quando? Onde está a meta? Ninguém sabe.
A minha meta demorou 8 anos a chegar, mas há quem a atinja 6 meses ou 3 anos depois.
Não há regras, não há relógio.
Há paragens, intervalos, porque é impossível estar em contínuo neste estado de "maratona de luta" durante tanto tempo.
África significou um intervalo. Mas nunca desistimos.
Nunca, nunca iríamos desistir. Apenas saberiamos que, pelos vistos, iria levar mais tempo do que os "outros".
Agora escrevo este texto com a certeza de que "desistir é morrer".
Em tudo na vida, se caimos uma vez, temos de levantar a cabeça e tentar, tentar, tentar, tentar. Se é realmente isso que procuramos, não podemos desistir.
Durante este último tratamento, que resultou no nosso primeiro rebento, passava muito na rádio a música do Boss AC "Tu és mais forte", cuja letra tem tudo a ver com o que eu estava a passar. Se não resultasse eu não poderia desistir, tinhamos de recomeçar.
Um dia tudo fará sentido.
E o dia para nós chegou.
Tu mereces muito mais
És forte, abanas mas não cais
Mesmo que sintas o mundo a ruir
Quando as nuvens passarem vais ver o sol a sorrir
A estrada não é perfeita
Apenas uma vida, aproveita
Só perdes se não tentares
E não desistas se falhares
O que não mata engorda
Torna o teu sonho real, acorda
Limpa as lágrimas e luta
Segue o teu caminho e escuta
A voz dentro de ti
As respostas que procuras, dentro de ti
Acredita em ti que tu és
Mais forte e tens o mundo a teus pés
Tu és mais forte e sei que no fim vais vencer
Sim, acredita num novo amanhecer
Não tenhas medo, sai à rua e abraça alguém
E vai correr bem, tu vais ver
Um dia tudo fará sentido
E vais ver que terás o prémio merecido
És o que és, não és o que tens
A tua essência não se define pelos teus bens
Às vezes as pessoas desiludem
Mas não fiques em casa parado à espera que mudem
Muda tu rapaz
Muda a tua atitude, vais ver ver que és capaz
E nada te pode parar
Os cães vão ladrar e a caravana a passar
O teu sorriso de vitória no rosto
Nem tudo é fácil mas assim dá mais gosto
Quando acreditas a força nunca se esgota
Só a reconheces a vitória se souberes o que é a derrota
Vais ver que no fim acaba tudo bem
Sai à rua e abraça alguém
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