Conversas do Divã # 1
Os Significados.
Simplesmente há coisas na vida
para as quais não tem de haver um significado.
E quando se chega a esta simples conclusão
é como se um camião TIR com um contentor de 23 toneladas nos saísse dos ombros.
Se estamos tristes, estamos
tristes e pronto. Não tem de haver um significado para isso. É o que é. Já passa.
Façamos qualquer coisa como ir beber copos de água ou ir comprar uma vassoura à
drogaria, que a de casa já está bastante “despenteada”. Mas se queremos estar
na fossa, estejamos na fossa. Já agora que a fossa seja pelo menos confortável
e simpática.
Para tudo na vida NÃO tem de
haver um significado, pois é. Cheguei a esta maravilhosa conclusão aos 34 anos.
Currículum Vitae
Nome: Rita
Idade: 34 anos
Habilitações Literárias: Várias
Formação Profissional: em 2012
descobriu que nem tudo na vida tem de ter um significado.
Estou, qual Oprah, a acumular
lições de vida e a fazer disso o meu curriculum.
Repito: Não. Não temos de dar um significado
a tudo.
Assim, quando caí uma parede no
mercado de Setúbal, ou uma pessoa leva com um camião em cima quando ia na passadeira, perdemos o telemóvel com os números todos, a carteira fica na mesa do café,
perdemos aquela casa que andávamos à procura uma vida inteira, aqueles
sapatinhos tão lindos só há até ao 39,
o cão mija as pernas do vizinho, perdemos as chaves de casa, comemos quatro pastéis de Belém
seguidos, carregamos no botão errado do elevador, o nosso marido deixa de
gostar de nós ou nós deixamos de gostar dele e gostamos de outra pessoa,
compramos roupa que nos fica realmente mal, choramos no duche, choramos no
metro, choramos quando vamos com o carro à inspecção, não apetece estar com
ninguém e pensamos num retiro mundial, queremos viajar de carro até ao Sudão ou
visitar uma amiga que está na Indonésia.
Assim, quando isso acontece, acontece
porque acontece. Deve haver um INE algures no ciberespaço onde estes “eventos”
estão registados como as coisas da vida que acontecem a qualquer um sem razão
nenhuma. E não acontece porque discutimos na véspera com a senhora dos Correios,
gritamos com um filho, fizemos um manguito ao taxista ou porque somos mesmo uns
pobres da vida, uns coitados a quem já só falta carregar com bilhas de gás para
um 4º andar de escadas.
Claro que tais “eventos” acabam
por influenciar o estado de espírito, mas tenho aprendido a simplesmente não
ter de dar um significado a tudo. Não só ao que nos acontece, mas
principalmente, ao que sentimos.
Sou muito organizadinha. Sempre
usei agenda, aos 10 anos tive uma agenda (para que é que uma criança de 10 anos
precisa de uma Agenda?). O que dá para perceber a minha necessidade de não só
registar tudo, como encontrar um dia para tudo, uma semana, uma Estação do ano.
Uma razão, no fundo. Um significado.
Não, as coisas não têm de
acontecer por uma razão. Sim, a vida tem coisas lixadas. E às vezes calha-nos uma
coisa lixada. Ou sentimo-nos tristes como um cão vadio. Na vida há coincidências,
há coisas que são mesmo do diabo e muitas e tantas vezes a realidade supera a
ficção.
C’est la vie!
Comentários
Preferem andar fechadas lá dentro do casulo!
Como disse alguém: IL FAUT AVOIR LE COURAGE DE SES OPINIONS
e tu....vendes coragem ao metro!
Se pensarmos bem é muito melhor assim, torna a coisa bem mais simples! Mas o pessoal gosta de complicar, faz parte da natureza humana!
Mas o fato de chegares a essa conclusão obrigava-nos a pensar... e isso já é muito bom!
Bjs e dorme bem