Fazer ou não fazer.


Já por várias vezes tive esta conversa entre amigos, mulheres e homens, nunca chegando a conclusão nenhuma, apenas pensando que como em quase tudo na vida, é uma questão de opção e que está em nosso poder fazê-lo ou não.
Por isso, não venho aqui defender ou tentar convencer alguém a fazer terapia, posso só dizer o que acho, daquilo que tenho feito, e no sentido do meu caminho, tirando depois cada um as suas conclusões.
Entre amigos discutimos para que serve pagar uma hora por semana a uma pessoa só para nos ouvir e ainda por cima dizer coisas que já sabemos? nem há comprimidos nem nada, é só conversa...
Uma vez li um texto que descrevia a terapia como uma vela da Diptyque, que para o caso não interessa agora, mas que no fundo o que diz é que é uma vela aromática, como as milhares de velas aromáticas que existem por ai, mas esta é muito mais cara.
Por isso, serve como uma vela, qualquer outra faria o seu papel, mas custa três vezes mais. Ou seja, para ter cheiro em casa podemos pagar 4€ ou 40€; a mais barata também dá cheiro e faz o seu efeito. A de 40€ não é por isso essencial, quando outras já fazem o mesmo.
Ora, assim pode-se entender a terapia como um bem supérfluo, um bem de luxo.
Que não é essencial à nossa vida. Vive-se sem ela, na mesma.
É verdade que a terapia não é uma questão de saúde pública, mas, a meu ver, ela até deveria ser, pois para mim é um bem essencial.
Tenho gostos requintados, dirão. Nem por isso. Mais uma vez é uma questão de opção, acabo por não gastar dinheiro com outras coisas, enquanto que durante aquela hora semanal todos os eurozinhos são bem gastos; é o meu SPA e pronto.
Faço porque tenho uma hora em que posso estar calada ou sempre a chorar, ninguém me julga, não há perguntas chatas, se não quiser responder não respondo. Faço porque ouvir-me tornou-se das melhores e mais enriquecedoras experiências da minha vida, afinal eu sei aquilo tudo mas dizê-lo é marcar as minhas palavras no mundo com carimbos.
Faço porque me conheço melhor, o auto-conhecimento é para mim fascinante, quase um vício, como desenhar o mapa da minha alma, percorre-la e fotografar o meu interior com flash.
Faço porque acredito que podemos ser sempre melhores, e quando se sabe melhor, é-se melhor e o conhecimento que ganho em cada sessão são moedas de ouro que ganho no meu mealheiro.
Faço porque estou a coleccionar ferramentas tão importantes e tão úteis na minha vida que me sinto capaz de desmontar um motor e reconhecer cada peça.
Faço porque gosto, porque sempre gostei de Psicologia, porque acredito na capacidade da nossa mente, na força do nosso espírito e na capacidade sempre fascinante que o Homem tem de se superar a si próprio e de ser capaz da mudança que quer ver no mundo.
Faço porque me faz sentir livre, sem amarras, sem medos nem mentiras, e isso é talvez a coisa mais valiosa que uma pessoa pode comprar.
 

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