Estados e Traços
Sempre tive a teoria, tantas e tantas vezes confirmada pela prática dos dias, de que somos sempre "compensados", de alguma maneira, mais cedo ou mais tarde, pelo mal que podemos passar.
Este último ano foi talvez dos mais duros e difíceis que passei. E estas últimas semanas também não têm sido nada fáceis.
Até quem me lê, e conhece, comenta, entre dentes: "tenho lido o bolo-de-arroz, as coisas não vão lá muito bem, pois não?"
Pois não.
Eu nunca soube, nem consegui, guardar as coisas cá dentro. Despejo tudo. Viro o caixote do avesso. Esvazio-me em palavras, em textos, em estados de alma melancólicos. E ando para aí a plantar tristeza em saquetas.
Mas são estados, momentos que chegam e vão. Passam.
Não são traços de mim.
São dias em que estendo os meus sentimentos ao vento, ponho-os todos tortos, presos por molas meias partidas, tudo uma confusão.
E quem me conhece já sabe, sou uma baralhada de refilar, de amar e odiar tudo ao mesmo tempo, de dar tanto amor, como estoirar uma panela de pressão de fúria- mas isto já é um traço meu.
E então percebo: foi um ciclo, um ano que terminou.
E eu, que somatizo tudo, estive num estado que reflecte a equação final deste somatório de dias menos bons, menos fáceis, menos suaves, menos tudo.
E é aqui que a minha teoria se aplica - porque, os meus traços, aqueles que me definem e me contornam, como aqueles desenhos em que temos de unir os números e vai surgindo uma figura, esses traços nunca os perdi. Estão aqui.
Sempre foram e sempre vão ser meus.
E hoje foi dia de os confirmar, de os alinhar e de os ver tão nitidamente reflectidos na minha alma.
O meu "cheque" está a chegar :)
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