Lá em baixo.


Há qualquer coisa de misterioso e fantástico que ocorre nas linhas de metro. Nos metros do mundo todo. No "debaixo do chão" das cidades.

São corredores de gente apressada. Olhamos pouco nos olhos dos outros, mas há ali uma espécie de solidariedade intrínseca a quem anda de metro. Companheirismo que deve vir das toupeiras, certamente.




Quando descemos as escadas, a caminho do "debaixo do chão", até parece que queremos deixar entrar nos nossos pulmões todo aquele ar carregado de óleo e metal a chiar nos carris. Somos guerreiros, todos. Vestimos umas armaduras e lá vamos nós.
Não interessa quem é quem. Vê-se lá de tudo. Novos, velhos, manetas, pernetas, cegos, menos cegos, coxos, bebés, cães... e até os ratinhos que desafiam a vida naqueles tuneis de escuridão.

Voltamos à luz. Ao ar do céu azul. Lá em baixo - a demanda. Fura a cidade, ponta a ponta. Correm as carruagens de ferro, como plaquetas nas veias.
A Cidade é um organismo, cheio de vida e de sangue.
Há dois momentos em que sentimos o seu coração a bater: no debaixo do seu chão e na noite profunda, pouco antes do sol nascer.
É aqui que sentimos que, afinal, as cidades são vida.

Fotos: Metro Chiado; Metro St Germain de Prés

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