Retiros

São os retiros das minhas palavras.
Quando as escrevo em demasia depois fico sem elas por uns tempos. Estão cansadas de serem pensadas. Então, faço retiros para que elas descansem em paz.

Pensamos demais nas palavras, acho eu. Tem de ser, pois.
Ontem, enquanto assistia a uma Missa e um velório notei na preocupação do Padre em dizer as palavras certas. E que palavras bem pensadas, comentadas até no final da Missa. Todos concordaram em que as palavras foram certas, bem medidas, bem pensadas.

Às vezes dizemos só disparates. As coisas mais idiotas do mundo. Façamos retiros das nossas palavras. Pensemos só no vazio que seria o mundo sem palavras. Respeitemos o som da palavra. Nada disto me vem da fé ou do acto de rezar. Vem do silêncio. Do silêncio que procuro, talvez cada vez mais. Os retiros são o silêncio.

O silêncio é a ausência de barulho? Não. É a ausência da palavra. O descanso em paz vem depois. A paz é o descanso? Não. A paz é a ausência da palavra.
Saber a "não-palavra".
Mas eu não sei viver sem palavras...


P.s - O Bolo de Arroz está "armado" em Platão de Arroz, é isso? Mais ou menos... a Filosofia é qualquer coisa de tão linear e matemático, como de orgânico e irregular.
para mim é uma "ciência" perfeita.

Comentários

Anónimo disse…
Mori,

Há que tempos que ando para te dizer que sou fã incondicional do teu blogue !!!

Desculpa a ausência de palavras mas também tenho estado em "retiro" ou ligeiramente "caxapita" (palavra inventada pela joana quando estava com a telha ou sem vontade de conversar) com o mundo em geral...

Tenho muitas saudades tuas que vou matando comendo os teus bolos de arroz assim que saem do forno.

Mais, quero mais!!

Beijinhos... muitos
Rita disse…
Mori,
que bom saber que estás aí! e saber que gostas de ler o que escrevo, fico muito feliz.
beijos enormes cheios de colares, pulseiras e montes de malas e carteiras da gusssssi.

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