A equação existencial


 
Sempre tive a sorte de, enquanto estando a trabalhar, cruzar-me com pessoas maravilhosas e sempre interessantes. Também há gente idiota e chata, é certo, ou então sou eu que vejo sempre coisas boas em todo o lado.
Mas optimismos e canduras à parte, muitos desses contactos profissionais resultaram numa amizade simples e honesta.
Como a Clara.
Faz hoje uma semana que jantei em casa da Clara, com a Joana e a gata dormitante. Conhecemo-nos há 10 anos, em 2004 numa viagem a Roma, sobre demência e Alzheimer, ela como jornalista da Visão, eu como relações públicas da Pfizer.
Desde então, e apesar do nosso "generation gap", sempre nos fomos mantendo ligadas. Primeiro há todo um lado místico da Clara que eu adoro (claro), falamos de signos (somos as duas Leão) astros, comportamentos e energias; e depois a Clara, além de jornalista, também é psicóloga - temos um festim de conversas, filosofias, teorias, de inquietações e incertezas. Tudo muito intenso e denso. E talvez seja por isso que nos encontramos muito esporadicamente; digamos que quando estamos juntas, pomos as as mesas todas a mexer!
Neste nosso último encontro, a  Clara falou-me da "equação existencial" que não é nada mais, nada menos do que a genética comportamental de cada um que só se "resolve", e só se encerra, no momento em que morremos (sim, também falamos da morte como quem troca receitas de bacalhau com coentros). 
Conhecendo cada um a sua equação e dos "números" que a compõem, temos à partida uma vida mais facilitada para quem vive cheio de pontos de interrogação a toda a hora, como eu. A equação existencial é daquilo que somos feitos, da existência que nos distingue dos outros e nos torna únicos e imperfeitos.
O tema da (im)perfeição não é novidade neste boteco, é-me "caro" e gosto sempre de o relembrar.
E com a Clara, demos a volta a estes assuntos e fechamos a noite com certezas nenhumas de nada.
O costume.
 

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