“No man is an Island” de John Donne




Esta é uma frase que utilizo muito frequentemente, repito-a dentro de mim, várias vezes ao dia, como se fossem copos de água, pois sinceramente acredito que é mesmo assim.

Ninguém é capaz de mais, senão tiver alguém ao seu lado. O homem sozinho não é dono da verdade, da razão, do saber ou de toda a inteligência do mundo. Nem sozinho, nem nesta terra, pois a natureza diz-nos que a verdade está no fim de cada coisa, seja esse fim quando for.
Quanto mais tenho conseguido na vida, por não estar soiznha, mais cresce o meu gosto por esta frase. Mas como, se eu gosto de escrever, e não há nada mais solitário do que a escrita?
Por que escrevo e há outras pessoas que lêem. E não há NADA que me dê mais prazer do que saber que há quem leia e goste dos meus “bolos”! Logo não estou sozinha, afinal…

Mas então, perguntam vocês, e os pintores que se fecham nos seus ateliers? A mesma coisa. Pintam por uma necessidade, um impulso incontrolável de comunicação, que na verdade é um vício.
Escrevo porque preciso de escrever – já li algures – este é o vício da comunicação, de estabelecer contacto. Se há contacto, então nenhum homem é uma ilha.

Anda no mar há cerca de 6 dias, e por lá vai ficar pelo menos mais 2 anos, uma rapariga holandesa de 14 anos que quer dar a volta ao mundo sozinha num veleiro. A aventura da Laura Dekker começou por um objectivo, o de bater um recorde do mundo. E mais? O que pode significar a solidão no mar durante 2 anos para uma adolescente? Supostamente numa idade em que devia andar na Escola, passear com as amigas, ter o primeiro namorado, sair à noite e comprar roupa na Zara com a mesada?
Eu acho que é a forma, um pouco original é verdade, que ela encontrou para comunicar, e que o faz muito bem pelo seu site, onde nos vai dando conta da sua aventura: http://www.lauradekker.nl/


Podemos pensar então, o que seria que nos “movia” há 500 anos quando nos metemos na Nau Catrineta a caminho da Índia ou do Brasil … era a solidão total do homem?
Era.
Mas era a busca de alguém do outro lado, a busca de um vício.
Por que a vida não faz sentido quando se está sozinho numa qualquer ponta do mundo.

Comentários

Anónimo disse…
É ................. Um impulso incontrolável de comunicação sim senhor , e mais outras coizínhas.Há quem leia os teus bolos , os teus quadros , as tuas prosas e tudo o mais que vier daí.Quanto aos homens de 500 , queriam ver mais fenómenos , queriam tentar fazer fortuna , queriam sair daqui , e até queriam ensinar a fé cristã.Ainda um dia havemos de analisar em profundidade o fenómeno Luso.Fomos ver uma exposição no museu de Arte Antiga , exposição que era composta por 4 tapeçarias mandadas fazer em 1470 pelo rei D.Afonso V.Foram feitas em Bruxelas e contemplam a conquista de Arzila no norte de Àfrica.Têm cada 10 a 15 metros de comprimento por 5 metros de altura.São agora propriedade da Igreja espanhola e ninguém sabe o porquê.Fiquei muito admirado porque as tapeçarias têm milhares de bandeiras Inglesas que acompanhavam os militares portugueses.Estas tapeçarias foram feitas na altura e agora foram restauradas e vão dar a volta ao mundo.Parece que sem a ajuda das tropas Inglesas os portugueses não teriam tido a possibilidade de fazer estas conquistas.É que nesses tempos não haviam homens em numero suficientes para ficarem a defender o território português.Os Ingleses eram cruzados que iam para a terra santa e entretanto iam dando umas pauladas nos infieis.Quando me pedias revistas para comprar na estação dos comboios eram a Lulozinha e mais outra que não me lembro.

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