Missão Niassa - Parte IV
Sete dias.
2.500 km.
40 horas de condução.
Uma Toyota Hillux 4x4.
Um mapa e dois guia de viagem.
Uma mochila e um saco cama.
Um pneu furado.
O regresso a casa.
Porque não queríamos perder pitada, no dia em que saímos do Lugenda ainda fizemos um Safari logo pelas 6 da manhã! Depois de um pequeno-almoço à Obelix, saímos do acampamento em direcção a Montepuez. Seriam pouco mais de 200km, mas que previam umas 6 horas de viagem.
Naturalmente regressamos à estrada de terra batida, e percorremos toda a periferia do Parque até apanhar a saída mais a Este do Parque. Foram quase 3 horas, novamente sozinhos os dois, dentro do carro, apenas com algumas indicações, fotografias de um mapa e uma bússola. Não podíamos virar a Norte, desse por onde desse; seria um erro caro!
Atravessamos vários Rios, já de dimensão considerável, mas tudo seco, era só areia.
Primeira etapa cumprida - conseguimos chegar ao Posto Este e sair da Reserva (sem ter um encontro imediato com o leão que não largou o nosso acampamento, durante aquelas duas noites!!).
A partir desse ponto, seguiam-se mais cento e pouco kms até Montepuez, numa estrada ainda "mutilada" pela época das chuvas e principalmente pelos camiões que atravessam as florestas para o corte da madeira. Anualmente são infinitas toneladas que saem daquela zona de Moçambique, directamente para a China, em bruto, que é exactamente da forma como é proibida de ser exportada (a madeira moçambicana só pode ser exportada do País em corte, nunca em troncos inteiros).
A ultrapassar já os 2000 kms de viagem, é tempo de deixar uma palavra para o nosso carro. Um autêntico senhor da estrada de terra batida, do mato, dos rios secos, da areia e dos bancos de areia, do asfalto fuzilado, do que for que lhe apareça à frente - é uma trituradora de kms ambulante! Basta que se lhe ponha gasóleo, que se vá vendo os pneus, uma garrafinha de óleo e umas festinhas (que eu fazia, para ele não se ir abaixo naqueles caminhos do lusco-fusco). O resto fica com ele - venha quem vier.
A estrada até Montepuez foi um autêntico momento "máquina de lavar roupa a 1200 rotações". Acho que ainda hoje (mais de 1 semana depois), ainda me doem as costas por causa daquele caminho.
A chegada à cidade, trouxe a boa notícia de uma Pensão (Sleep House) com um quarto decente, casa de banho com lavatório, duche de água quente e até um plasma na parede!
O descanso foi quase difícil tal era o estado geral do trio: o condutor, a co-pilota e o carro. Na manhã seguinte, antes da saída para o Ibo, a roda da frente, do lado esquerdo, estava completamente em baixo. O primeiro e único furo do nosso tanque branquinho, permanentemente polvilhado a pó africano!
Facilmente encontramos uma Oficina que remendou o pneu - era um rasgão relativamente pequeno.
Faltavam os últimos 200 kms da nossa viagem ao Niassa - o tão esperado regresso ao Ibo, depois de 3 meses de ausência. Ainda houve tempo para passar por plantações de algodão, que resultaram num novo momento de excitação! Tivemos de parar o carro e sair. Tocar no algodão, mexer nas plantas, andar pelo meio das plantações, cheirar as flores, experimentar uma coisa nova!
O caminho para o Ibo já não foi uma novidade, apenas demos por nós a gozar todo o percurso, numa antecipada despedida. Em Tandanhangue apanhamos boleia de um barco a motor, que de uma forma mais rápida e confortável do que o barco chapa, nos levou até à Ilha. Nessa tarde havia um casamento, o primeiro, desde anos, a realizar-se na recém-restaurada Igreja do Ibo. Havia cerca de 70 convidados e toda a Ilha se sentia em festa. O Ibo é mais de 90% muçulmano, por isso imagine-se a raridade do momento.
Nós, à mesma hora da cerimónia, estávamos a abrir as portas e as janelas de uma casa fechada há 3 meses. Felizmente não havia vestígios de ratos, só baratas e pó e as já residentes aranhas e osgas que se vão deslocando como se fossem donas das paredes.
Em poucas horas enchemos o depósito de água e retomamos os rituais do final de tarde: o banho (frio), compras e pão nas barracas e visitar os amigos!
Todos nos esperavam, todos nos abriram os braços, com uma amizade profunda, como se de lá nunca tivéssemos saído.
2.500 km.
40 horas de condução.
Uma Toyota Hillux 4x4.
Um mapa e dois guia de viagem.
Uma mochila e um saco cama.
Um pneu furado.
O regresso a casa.
Porque não queríamos perder pitada, no dia em que saímos do Lugenda ainda fizemos um Safari logo pelas 6 da manhã! Depois de um pequeno-almoço à Obelix, saímos do acampamento em direcção a Montepuez. Seriam pouco mais de 200km, mas que previam umas 6 horas de viagem.
Naturalmente regressamos à estrada de terra batida, e percorremos toda a periferia do Parque até apanhar a saída mais a Este do Parque. Foram quase 3 horas, novamente sozinhos os dois, dentro do carro, apenas com algumas indicações, fotografias de um mapa e uma bússola. Não podíamos virar a Norte, desse por onde desse; seria um erro caro!
Atravessamos vários Rios, já de dimensão considerável, mas tudo seco, era só areia.
Primeira etapa cumprida - conseguimos chegar ao Posto Este e sair da Reserva (sem ter um encontro imediato com o leão que não largou o nosso acampamento, durante aquelas duas noites!!).
A partir desse ponto, seguiam-se mais cento e pouco kms até Montepuez, numa estrada ainda "mutilada" pela época das chuvas e principalmente pelos camiões que atravessam as florestas para o corte da madeira. Anualmente são infinitas toneladas que saem daquela zona de Moçambique, directamente para a China, em bruto, que é exactamente da forma como é proibida de ser exportada (a madeira moçambicana só pode ser exportada do País em corte, nunca em troncos inteiros).
A ultrapassar já os 2000 kms de viagem, é tempo de deixar uma palavra para o nosso carro. Um autêntico senhor da estrada de terra batida, do mato, dos rios secos, da areia e dos bancos de areia, do asfalto fuzilado, do que for que lhe apareça à frente - é uma trituradora de kms ambulante! Basta que se lhe ponha gasóleo, que se vá vendo os pneus, uma garrafinha de óleo e umas festinhas (que eu fazia, para ele não se ir abaixo naqueles caminhos do lusco-fusco). O resto fica com ele - venha quem vier.
A estrada até Montepuez foi um autêntico momento "máquina de lavar roupa a 1200 rotações". Acho que ainda hoje (mais de 1 semana depois), ainda me doem as costas por causa daquele caminho.
A chegada à cidade, trouxe a boa notícia de uma Pensão (Sleep House) com um quarto decente, casa de banho com lavatório, duche de água quente e até um plasma na parede!
O descanso foi quase difícil tal era o estado geral do trio: o condutor, a co-pilota e o carro. Na manhã seguinte, antes da saída para o Ibo, a roda da frente, do lado esquerdo, estava completamente em baixo. O primeiro e único furo do nosso tanque branquinho, permanentemente polvilhado a pó africano!
Facilmente encontramos uma Oficina que remendou o pneu - era um rasgão relativamente pequeno.
Faltavam os últimos 200 kms da nossa viagem ao Niassa - o tão esperado regresso ao Ibo, depois de 3 meses de ausência. Ainda houve tempo para passar por plantações de algodão, que resultaram num novo momento de excitação! Tivemos de parar o carro e sair. Tocar no algodão, mexer nas plantas, andar pelo meio das plantações, cheirar as flores, experimentar uma coisa nova!
O caminho para o Ibo já não foi uma novidade, apenas demos por nós a gozar todo o percurso, numa antecipada despedida. Em Tandanhangue apanhamos boleia de um barco a motor, que de uma forma mais rápida e confortável do que o barco chapa, nos levou até à Ilha. Nessa tarde havia um casamento, o primeiro, desde anos, a realizar-se na recém-restaurada Igreja do Ibo. Havia cerca de 70 convidados e toda a Ilha se sentia em festa. O Ibo é mais de 90% muçulmano, por isso imagine-se a raridade do momento.
Nós, à mesma hora da cerimónia, estávamos a abrir as portas e as janelas de uma casa fechada há 3 meses. Felizmente não havia vestígios de ratos, só baratas e pó e as já residentes aranhas e osgas que se vão deslocando como se fossem donas das paredes.
Em poucas horas enchemos o depósito de água e retomamos os rituais do final de tarde: o banho (frio), compras e pão nas barracas e visitar os amigos!
Todos nos esperavam, todos nos abriram os braços, com uma amizade profunda, como se de lá nunca tivéssemos saído.
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