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Cada vez mais me convenço de que tudo na vida não são do que sucessivos movimentos e opções que nos levam por caminhos que nunca poderiamos alguma vez ter a capacidade de controlar, prever, planear.
Quem diria que exactamente 1 ano e 1 dia depois de termos chegado a Pemba, estariamos de partida.
Não digo que seja para sempre, ou que nunca se diga nunca, mas iniciámos o movimento e por isso restam nesta sala duas mesas e quatro cadeiras, uma luz profundamente branca que invade o espaço (não temos cortinas nas janelas, transformamos todas as capulanas em capas de almofada, estilo souvenir!) e uma sensação estranha de que realmente não me estou a despedir de Moçambique e de África.
Como se agora fosse uma continuação, de longe.

Como se aqui ficasse um bocado de mim, porque nunca vivi num outro País, nunca tive uma outra casa e nunca nenhum outro lugar me marcou tanto como este.
África é uma espécie de conto de fadas, mas com fome e miséria, com pó e buracos no chão, com inveja e ganância e uma História mal contada.
Por muito estranho que possa parecer, foi isso que eu senti e é essa a sensação que levo daqui.
Qualquer pessoa pode vir a África, isto não é um mistério, o conto de fadas transformou-a numa ilusão, num sonho passado, numa espécie de barco afundado carregado de um tesouro, mas difícil e quase impossível de se alcançar.
Claro que tenho a vontade de um dia aqui voltar, fizemos amigos, criamos a nossa comunidade, passamos aqui o nosso primeiro Natal fora da família.
A minha grande aprendizagem, porque é essa a forma de vida desta gente, que tanta dor de cabeça dá a quem vem de um Ocidente habituado a outros ritmos, é a de que se hoje não dá, amanhã pode-se tentar na mesma. Não tem mal.

E não é que é mesmo verdade? Não tem mesmo mal.
O cajueiro vai lá estar amanhã, o sol há-de nascer, a maré vai voltar a subir.

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