Um desabafo - I

Apenas mais uma confirmação daquilo de vinha a suspeitar há algum tempo.
Há algum tempo, desde que tenho um cão - o flash.
A pior raça de cão que existe é a: dono-de-cão português!

Graças à sua audácia e sentido de educação e civismo, temos um País onde os cães são tratados como gado vivo, ou seja, não se leva um porco ou uma vaca para dentro de um café, certo?
Claro que não! Assim como não se leva uma ovelha para uma praia ou uma cabra para um centro comercial.

Prova da destreza e da agilidade do dono-de-cão português, são os testemunhos que tenho vindo a recolher dessa gente abonada em verdades absolutas e fantásticas sobre o que é realmente um cão de companhia.

A saber:

- O Boss é um espectáculo! Só eu e a minha esposa é que nos podemos chegar a ele, outra pessoa eu não sei. Se deixar a mão assim solta ele vem logo cheirar e se for preciso morde! ai, morde, pois!

- O meu cão tinha uma personalidade como eu nunca vi! Ele se fosse preciso brincava consigo, mas não lhe dava muita confiança, e às vezes, vai não vai, lá ia uma rosnadela... pois ele só comigo é que ficava bem!

- Ele (o cão, um caniche por sinal) se ficasse aqui como está o seu (deitado à porta da frutaria à minha espera) desatava a ladrar. Ele não é cão de estar sossegado. Mas o seu é assim tão calminho... coitadinho se calhar está triste.

- Se fosse o meu cão aqui (numa esplanada, em que o deitei debaixo da mesa) já tinha dado cabo disto tudo! Deitava tudo ao chão, as mesas, as cadeiras... tudo!

Depois ainda há as toneladas de caca que preenchem as falhas das pedras da calçada em Lisboa, porque ninguém as apanha (cães vadios já não existem no centro da cidade), as criançinhas histéricas que desatam aos berros quando vêem um cão porque as mães ainda as incentivam com mais gritos, do estilo: "Se o seu cão toca na minha filha, você paga-me uma indemnização que vai ver!" ou então, quando mais velhas, gritam aos ouvidos do flash "auuuuuu, auuuuuu" numa bonita tentativa de contactar com o bicho.

3 em cada 5 pessoas com quem eu e o flash nos cruzamos na rua não gostam de cães: desviam caminho, atravessam a estrada, fazem caretas, esticam os braços para se afastarem...
Aceito que se tenha medo dos cães ou que não se aprecie a sua presença.
Eu adoro animais, uns menos do que outros, como os gatos, por exemplo, mas respeito-os sempre.
Daí a tratá-los como prolongamentos de micro-egos em disfuncionamento ou como micro-gente a quem se baptiza de igual modo, vai um bocado.

Cheguei foi à conclusão de que definitivamente Portugal não gosta de cães.
Isto é mau País para se ter cão...

Comentários

Anónimo disse…
Adoro a expressão «prolongamentos de micro-egos em disfuncionamento»

É de doutorado em linguística!e estou a falar a sério até porque entendo o que queres dizer.

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