Então e agora, Rita? (pergunta o Flash)
Agora é assim.
Acabada de chegar à cidade, vinda de um universo tão distinto, não deixa de ser difícil.
Difícil que não se veja tudo descalço, que não andem crianças a correr na rua, mulheres a passar com os sacos do Minipreço na cabeça e os homens de catana na mão, que o pôr do sol seja por trás de uma Basílica e não de um mangal ou de uma praia, que quando chove não há jericans e baldes a encher-se de água, que eu não diga "bom dia!" a toda a gente e toda a gente me diga mim, que ninguém se ponha na rua a vender gengibre e tomate, alface e ananás, que o céu seja tão cheio de coisas que não são azuis e brancas, que o tempo não se demore pelo calor e pela brisa, que não haja brisa, que não oiça tambores e cantares em cada casa e em cada esquina, que uma casa seja feita de cimento com telhas porque se for de bambu com telhado de macuti (folhas de palmeira) é uma barraca, que eu não acorde as 6 da manhã como se fossem 10, e me deite às 9 da noite como se fosse meia noite, que não me embrulhe com uma capulana e uma t-shirt e me sinta tão bem vestida, que não me entenda com o mundo tão bem como ter a certeza de que amanhã é outro dia e certamente tudo vai melhorar.
Como é que conseguiriamos obter uma certa forma de estar africana com um certo estilo de vida ocidental? Não quero dizer que os Bancos devem ficar cheios de gente, com mulheres a dar de mamar sentadas no chão e horas de uma espera interminável; mas gosto daquele sentir desprendido, de uma promessa sem compromisso, de um final de tarde esticado numa praia, dessa forma de estar e de ver a vida, tão básica, quase pueril.
De viver um dia, quase uma hora de cada vez. Passado e Futuro são verbos distantes, só conta mesmo o Presente.
No outro dia ouvi alguém que, enquanto falava sobre cães, dizia que tal como as crianças pequenas, os cães não têm noção de um passado ou de um futuro, apenas vivem o que têm naquele momento. Só e apenas o presente.
O agora é assim. Amanhã logo se vê.
Acabada de chegar à cidade, vinda de um universo tão distinto, não deixa de ser difícil.
Difícil que não se veja tudo descalço, que não andem crianças a correr na rua, mulheres a passar com os sacos do Minipreço na cabeça e os homens de catana na mão, que o pôr do sol seja por trás de uma Basílica e não de um mangal ou de uma praia, que quando chove não há jericans e baldes a encher-se de água, que eu não diga "bom dia!" a toda a gente e toda a gente me diga mim, que ninguém se ponha na rua a vender gengibre e tomate, alface e ananás, que o céu seja tão cheio de coisas que não são azuis e brancas, que o tempo não se demore pelo calor e pela brisa, que não haja brisa, que não oiça tambores e cantares em cada casa e em cada esquina, que uma casa seja feita de cimento com telhas porque se for de bambu com telhado de macuti (folhas de palmeira) é uma barraca, que eu não acorde as 6 da manhã como se fossem 10, e me deite às 9 da noite como se fosse meia noite, que não me embrulhe com uma capulana e uma t-shirt e me sinta tão bem vestida, que não me entenda com o mundo tão bem como ter a certeza de que amanhã é outro dia e certamente tudo vai melhorar.
Como é que conseguiriamos obter uma certa forma de estar africana com um certo estilo de vida ocidental? Não quero dizer que os Bancos devem ficar cheios de gente, com mulheres a dar de mamar sentadas no chão e horas de uma espera interminável; mas gosto daquele sentir desprendido, de uma promessa sem compromisso, de um final de tarde esticado numa praia, dessa forma de estar e de ver a vida, tão básica, quase pueril.
De viver um dia, quase uma hora de cada vez. Passado e Futuro são verbos distantes, só conta mesmo o Presente.
No outro dia ouvi alguém que, enquanto falava sobre cães, dizia que tal como as crianças pequenas, os cães não têm noção de um passado ou de um futuro, apenas vivem o que têm naquele momento. Só e apenas o presente.
O agora é assim. Amanhã logo se vê.
Comentários
Vocês preferiram-na a ela e a nós e por isso exulto de alegria!