Conversas do Divã #5
A Perfeição.
O que é uma coisa perfeita? Uma saia bem cosida, um quadro bem pintado, um tempero no ponto, uma música bem tocada. Mas quem diz o que é bem, bonito e no ponto?
Ora bolas!
O que é a perfeição, onde se define, onde está a regra, quem diz que é, uma régua, uma balança, um metro?
A perfeição, na minha perspectiva, estaria sempre em primeiro lugar na arte. Pensei sobre isto uns dias, mas depois cheguei à conclusão que isso é subjectivo, o bastante para eu dizer que afinal já não é.
As minhas certezas são minhas, não são as do mundo.
A perfeição estaria então em padrões universais, coisas que são do domínio do mundo, ex: não mates que isso é mau. Mas mata-se na mesma, e vai daí, no domínio da ética e do bom senso também é uma gaita encontrar a perfeição.
Esgravatei, procurei e ao fim de ter estado a pensar nisto durante uns tempos encontrei a perfeição na natureza!
A natureza. A vil, má e agressiva natureza, cruel e crua selva da vida selvagem.
Ela entende-se em si própria, orienta-se, sempre o fez. Sendo que apenas a presença do Homem a fez desiquilibrar-se, pois durante milénios não fomos precisos para nada.
Ela é, para mim, a aproximação do perfeito. Com todas as imperfeições que tem, com toda a crueldade que dá ver uma leoa a comer um gnu acabado de nascer no meio da Savana, ou uma orca a abrir a boca e engolir três focas bebés que apanhavam um solinho na rocha. É assim, sempre foi.
A perfeição aproxima-se assim de uma quase auto-gestão organizada e contínua, cíclica e compassada. Com todos os tsunamis e terramotos, porque todos eles já tinham sido escritos no centro da terra há biliões de anos atrás.
A relação entre Homem e natureza é o desafio constante à perfeição, tentanto mater-se naquele limbo de forças e de capacidades superiores. Que para mim, será sempre a segunda que vence.
Mas também é verdade que é graças ao Homem que hoje temos um conhecimento e um contacto com a vida selvagem como nunca existiu. As séries primorosas da BBC Earth reclamam para si o espéctaculo e a quase perfeição da captação de imagens e do desenvolvimento de projectos únicos, nunca vistos na História da humanidade, como o recente documentário sobre os tigres selvagens no Butão.
Cada vez mais estes programas são mensagens de esperança na terra, de que o Homem é capaz do mal, mas também é nele que está a fonte do bem. Sabendo viver com a sua própria sombra, o Homem, assim como uma árvore milenar, é uma fonte de sabedoria e é dele, e da sua relação com a natureza, que podem resultar coisas perfeitas.
Coisas ao nível do milagre.
E já agora: porquê a imagem dos três macacos?
Além de vir a propósito do tema, parece que o Bolo de Arroz está num projecto bem divertido com as Três Macacas do Sotão!
Novidades para breve, estamos em pulgas!
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