da Isalita para o mundo
É chegada aquela altura da vida em que suspiramos e pensamos: "...estou a ficar tão igual à minha Mãe...", seja bom para uns ou mau para outros, a verdade é que não se foge dela.
Ou passamos metade da vida a correr para ela, ou a outra metade a fugir dela, mas a verdade é que a todos assiste esse laço tão inexplicavelmente inevitável, patológico e complicado.
No espectacular filme "Habemus Papam", do Nanni Moretti, mostra-se essa inevitabilidade da vida, em que até um recém eleito Papa, o sumo pontífice, o Santo Padre do Universo, vê-se a ir ter de falar sobre a sua Mãe com uma psicanalista.
A Mãe.
Ontem quis fazer um bolo e lá fui eu ao Livro da Isalita, uma espécie de Pantagruel à portuguesa, que vai na 27ªedição, ou seja, que ainda é do tempo em que se fazia em casa perú assado e se explica taxativamente: "Morto o peru, deve ser logo pendurado pelas pernas para que saia todo o sangue e a carne depois de assada fique bem branca. Depena-se enquanto quente e a seguir chamusca-se. É preciso muito cuidado ao abri-lo. Corta-se a pele do pescoço pelas costas no sentido do comprimento, corta-se o pescoço bem rente ao corpo e tira-se o papo com cuidado."
Isto é espolio da nossa culinária, já não se fazem livros como o da Isalita, onde ensinam a fazer geleia de peixe, soufflés, almôndegas de lebre, croquetes de ostras e pão de ló de Ovar com 12 gemas.
Foi a minha Mãe que me deu este Livro quando casei e já ela também tem um que era da minha Avó.
As Mães.
Não sei como é que consegui juntar num só texto estes assuntos todos, mas a minha ideia era só vir aqui falar do Livro da Isalita, que toda a gente devia ter só para ler estas maravilhosas receitas que nunca na vida se vão algum dia cozinhar, mas que são uma herança tão rica da nossa cozinha portuguesa.
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