o primeiro amigo
Ainda não vos tinha dado conta da, já esperada, fabulosa relação entre o Martim e o Flash. Ou por agora, faz mais sentido dizer, Flash e Martim.
Na verdade, foi tudo construído com muita calma e consistência, ingredientes fundamentais à educação de um cão e de uma criança, como se sabe.
Ainda o Martim era um embrião com poucos dias de vida, já o Flash sabia que ele cá andava. A palavra "Martim" começou a soar-lhe todos os dias, além de "bebé", ou "bebé da dona". Enquanto lhe dizia isto, apontava para a minha barriga que ele snifava no cimo das escadas.
O ritual era sempre o mesmo; depois do passeio matinal, o Flash subia as escadas à minha frente, e quando chegavamos ao último patamar, eu parava para descansar pois já levava com uns lances de escadas no lombo e uma barriguinha a crescer.
Nessa altura o Flash ficava uns degraus acima de mim, ficando com o focinho ao nível da minha barriga e eu começava a lenga-lenga: "está aqui o bebé da dona, o Martim", apontando para a barriga.
Depois veio a altura de fazer o quarto e preparar as roupas do bebé. O Flash nunca entrou no quarto do Martim sem a nossa autorização e só o fez 2/3 semanas depois dele nascer.
Da maternidade veio para casa na noite em que o Martim nasceu, a primeira peça de roupa que vestiu (dada pelo Hospital), para o Flash cheirar.
E a partir daí é a relação que têm.
O Flash inala o Martim conforme pode; adora cheirar-lhe a cabeça e quando o deixo, lambe-lhe os pés e as mãos!
O Martim já o vê, e apesar de ser uma mancha negra, reage, observando sempre muito atento.
O ladrar do Flash não o assusta, nem o acorda quando está a dormir.
O choro do Martim faz com que o Flash se deite perto dele, ou se estou a dar de mamar, senta-se ao meu lado.
Cheira-me que vão ser os melhores amigos, e que não podia estar mais feliz por ter um filho que cresça com um cão ao lado dele.
Porque amigos destes não são de mais!
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