quando de menos é demais!
Iniciei-me ontem à noite nos palcos, numa primeira vez pós-parto.
Como sempre um deleite, para mim, toda a atmosfera dos espectáculos; a espera à porta, uns fumando cigarros, outros conversando, a entrada na sala, os lugares e quem nos calha à frente e finalmente quando o pano sobe.
Sendo dança, gosto ainda mais, mas seja música ou teatro, é sempre um momento que muito aprecio.
Na verdade, e não querendo estar para aqui "armada aos cucos", já vi muita, muita coisa. Ou seja, já muito passou por estes olhinhos, desde o Ballet Gulbenkian nos tempos áureos em que a minha Mãe me levava a ver coisas "fora da caixa", como a Companhia Nacional de Bailado, o Ballet de e em Nova Iorque, companhias russas, por aí fora...
Ou seja, já não "papo tudo e calo".
Desta companhia em concreto, Marie Chouinard, gostei da genialidade da primeira parte, em que a partir de desenhos feitos em tinta da china, os bailarinos fazem movimentos; são centenas de desenhos, logo centenas de movimentos.
É brutal! Uma anormalidade de passos, uns a seguir aos outros, uma coreografia "imemorizável"!
Nunca tinha visto tal coisa, achei mesmo genial.
Já a segunda parte, numa estreia mundial, me decepcionou.
Para começar com a música "cliché" do Satie, que não há filme, anúncio, vídeo no youtube que não use esta música, e depois, num determinado momento, os bailarinos a dançarem nus. Nunca tinha visto nu integral em palco, numa dança, entre homens e mulheres.
A dança não tem nada a ver com corpos nus. O corpo é essencial ao movimento, mas o movimento não precisa de ser nu. Além de que o corpo, principalmente de um homem, não é coisa muito bonita de se ver nua. Não há harmonia, continuidade ou ligação num corpo nu - e isto, para mim, são os elementos fundamentais da dança.
O nu é cru, e a dança é tudo menos crua.
Pelo menos para mim.
Acabei por vir mais cedo, não pelos "acessórios" à vista, mas porque já eram 23:00 e o meu pequeno bezerro tinha a sua hora de mamar a aproximar-se.
Mas, na minha simples opinião, o que é bom, é bom e pronto. Não é preciso mostrar pilinhas, maminhas e pipis para uma dança se tornar única, bem executada e bonita de se ver.
Tenho dito.
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