novos vizinhos
Vivo agora numas águas furtadas.
Sou vizinha de telhados, de gaivotas e de gatos.
Por onde espreito pelas janelas vejo o azul, do céu e do mar ao longe, do verde e das estrelas, da luz dos aviões e do farol do Cabo da Espichel.
Nestes últimos dias de ausência, muito por culpa do calor absolutamente incapacitante que se fez sentir nestas latitudes, vou seguindo os passos de uma família de gaivotas e das suas três crias.
Moram neste telhado que se vê na foto: ali está um dos progenitores, as crias já não as vejo há uns dias. Terão já voado?
Tinham ainda a penugem castanha, o bico enorme em comparação com o resto do corpo, um andar trôpego.
São muito agitadas as gaivotas. Estou eu a dar de mamar às 5 da manhã e andam elas para trás e para frente, cruzando o meu telhado. Penso que também andam elas a alimentar os filhotes.
Vivo agora num topo.
Não tenho ninguém em cima de mim, nem de um lado ou do outro.
Sou vizinha de pássaros e de gatos que se passeiam em telhas mornas da cor de pôr do sol.
É assim qualquer coisa que se aproxima de um retiro, de um refúgio.
Como um ninho no cimo de uma árvore.
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