Mulher aos 35 - Parte I
Tenho cá para mim que quando se
trata de mulherio a gerir um Blog, a tendência em 90% dos casos é para se
emergir num dos seguintes e temas:
Ao contrário da nova tendência mundial, eu aqui, não me estou a especializar. Não procuro um nicho, mas acho que, por acaso, encontrei um: ser mulher aos 35.
Gostaria de me especializar naquela que me parece ser a uma típica mid-life crisis. (e gosto tanta desta música dos Faith no More)
A mim faltam-me os filhos para falar com moral sobre o assunto, mas tanto convivo eu com as minhas amigas, na sua maioria Mães de crianças entre os 8 anos e os 3 meses, que acabo por conhecer as suas inquietações do que é ser Mulher aos 35.
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- Crianças & Crianças
Ora, gaja que é gaja tem de falar
de uma destas três coisas. Ou é do verniz e da mala, do trapo e do sapato, ou é
do menino(a) que caga, mija e arrota ou finalmente é para mostrar fotos de uma
tosta mista, em que a qualidade da imagem é tão boa, que em dois segundos estamos a salivar
para cima do teclado.
É verdade que no meio disso há um
género híbrido, que fala de tudo um pouco, ao estilo do fait-divers. E há bons exemplos de “blogadas” no feminino,
tipo a Rititi, e é tudo. Não estou a ver mais nenhum. Ao contrário da nova tendência mundial, eu aqui, não me estou a especializar. Não procuro um nicho, mas acho que, por acaso, encontrei um: ser mulher aos 35.
Gostaria de me especializar naquela que me parece ser a uma típica mid-life crisis. (e gosto tanta desta música dos Faith no More)
A mim faltam-me os filhos para falar com moral sobre o assunto, mas tanto convivo eu com as minhas amigas, na sua maioria Mães de crianças entre os 8 anos e os 3 meses, que acabo por conhecer as suas inquietações do que é ser Mulher aos 35.
É que há coisas que devem surgir
precisamente aos 35 e não aos 25.
Porque aos 35 é provável que o nosso
marido/companheiro, o que for, nos deixe por uma de 25. E isso é lixado. Aos 35 corremos que nem umas loucas na passadeira, na rua, no ginásio e a
balança não reage, quase que a atiramos de um 6º andar para a porra dos
ponteiros se evaporarem no espaço. Aos 35 é provável que já tenhamos
sido despedidas, dispensadas, postas de lado, encostadas à parede, numa empresa
onde já podíamos estar a trabalhar há 6, 8 ou mesmo 10 anos.
Porque uma mulher
aos 35 é diferente de um homem de 35, que essencialmente olha para miúdas de 20
anos e pergunta-nos a idade que elas poderão ter, só porque lhes parece
qualquer coisa de diferente. Porque uma mulher aos 35 não tem vontade
de pôr saltos altos, de usar maquilhagem durante o dia, de usar qualquer outra
coisa sem ser cuecas brancas de algodão e meias grossas para dormir.
Porque uma
mulher aos 35 tem a cabeça cheia de pontos de interrogação que aos 25 nunca
alguma vez existiram: será que sou boa Mãe? Mulher? Amante? Profissional?
Porque uma mulher aos 35 tem medo de, pela primeira vez na vida, de não ser
desejada. Porque uma mulher aos 35 tem preocupações genuínas como
seja lavar decentemente a placa de vitrocerâmica, comprando para isso produtos
específicos para o efeito, ou então a gaveta da fruta e dos legumes do frigorífico.
Questões como se os filhos encontram vaga nos cestos da cantina da Escola, são o centro do Universo de uma mulher aos 35.
A tenacidade da pele não é a mesma, existem efectivamente dores nas costas,
torcicolos, fica-se arrasada depois de um treino, anda-se 3 dias com o corpo
dorido.
Engana-se quem pense que eu acho que caminhamos para um poço escuro
e lamacento. Eu adoro ir a caminho dos 35 (faço daqui a 4 meses).
Em nenhuma
outra altura da minha vida me senti tão conhecedora de mim própria, tão
tranquila, tão contempladora do mundo e da vida como uma passagem, um caminho
ao estilo do Siddhartha, em que as opções são nossas. Escolher dizer “sim” e
“não”, saber ouvir e principalmente saber manter as expectativas, encontrando
esse meio ponto entre o máximo e o mínimo, são tudo coisas que só se conseguem aos 35.
Lá
está, coisas que nunca poderiam ser aos 25.
Mas os 35 caminham para o passo seguinte, os 40. E, porra! A coisa não é a mesma. Mesmo.
Comentários
Eu, como ainda vou a caminho dos 32, ainda estou longe da lucidez dos 35 ;-)
Beijinho
estou numa toca em que sentido: tenho medo? ainda sei pouco da vida e do mundo? escondo-me? de quem?
gostaria mesmo de a perceber. nomeadamente porque o que se passa é precisamente o contrário, senão eu não teria um Blogue: o facto de me expor, de mandar para o mundo o meu ponto de vista acho que não me põe numa toca.
quanto ao não dar valor a nós próprias, isso já vem de trás, do eterno complexo judaico-cristão que pulula nesta sociedade e do qual eu fui afectada. nasci nos anos 70, não se esqueça.
mas isso não é nada, quando comparado com os tais apelos das de 25.
o que eu tenho a certeza é que nenhuma mulher domina tudo, nem sequer nenhuma pessoa, e quem achar isso é desprovido de consciência e de matéria.
o saber que nada sei é a primazia da vida, e da minha caverna, qual Platão, sei-o com toda a certeza.