diários de moçambique ** #5



Diário de Moçambique. Volume 1. "do que te leva a ir..."
 
26 de Dezembro de 2010. (Domingo)
 
Ontem foi dia de Natal.
O primeiro em 33 anos que não passo em Lisboa ou em Torres Novas, com a família.
Em que não visto uns collants, ou uma camisola quente, em que não como bacalhau ou perú.
E por estranho que me possa parecer, não senti falta disso. Por muito que eu busque cá dentro, que eu remexa as minhas entranhas e os meus sentimentos - não me fez assim tanta confusão. Não chorei, não fiquei triste - claro que pensei muito. Falei com os meus Pais, com o meu irmão e a Inês. E pronto. Não precisei de falar com mais ninguém.
Veio de Pemba o André, a Yumi e a Maria João, que estão agora cá em casa. Cozemos 10 quilos de carangueijo, fiz gelado de manga (que foi um sucesso, pois as mangas são delicisosas!) e o arroz doce da minha sogra.
 
A nossa ceia de Natal assim foi, ainda com uma carne feita pela Lucie, vinho, aperitivos e café. Ficamos todos juntos até à meia-noite, em casa da Lucie e depois voltamos para casa. Não houve presentes nem decorações, só as estrelas. Estava uma noite muito quente, muito húmida. Ainda desejamos as Boas Festas com quem nos cruzamos e vimos as luzes coloridas da pastelaria da Ana. Oferecemos um pacote de arroz ao Sahid e à Rabina.
 
Mas aqui nada cheirava a Natal - o Natal esteve dentro de mim.
 
Ontem, dia 25, fomos até à Ilha do Matemo para tomar o pequeno almoço no Resort do Rani, mas já saímos muito tarde e quando lá chegamos não havia pequeno-almoço!
O Xano e o Jo ficaram numa outra ponta da ilha a pescar e nós voltamos com uma coca-cola na barriga... Passamos o dia no barco e ainda me assustei um pouco à procura do Xano, que finalmente apareceu do meio do Oceano!
Voltamos ao Ibo e ainda fomos comer um jantar de Natal, feito de restos deliciosos, em casa da Lucie.
De vez em quando olhava para o relógio e imaginava aquela hora do dia o que se estaria a passar em casa do Avô, ou se já estariam a almoçar, ou de volta a Cascais.
Porque todos os anos era sempre igual - e eu não posso sentir falta de uma coisa que é sempre igual.
 
 
 

**excertos do meu Diário Pessoal escrito durante a minha estadia em Moçambique, entre Julho de 2010 e Agosto de 2011

Comentários

Anónimo disse…
È tudo uma perfeita ternura.Mas cuidado porque agora quem anda nas tuas entranhas é o Martim que deve estar a ver em gravação tudo o que fizeste quando andavas em Moçambique.Coisas.

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