Os quatro dias que passamos no Ibo foram intensos!
Ainda não consigo abstrair-me de toda esta agitação e por isso gosto e preciso de partilhar todos estes sentimentos.
Ainda não consigo abstrair-me de toda esta agitação e por isso gosto e preciso de partilhar todos estes sentimentos.
Fizemos como que a 1ªfase de mudança para a Ilha - para uma casa alugada, mantendo a casa em Pemba, enquanto não temos casa definitiva no Ibo e lá procuramos ainda o nosso "poiso".
O nosso projecto ainda está numa névoa, entre a miragem e a realidade, e para torná-lo verdadeiro seria fundamental esta nova mudança. Estar lá, viver na Ilha, senti-la.
E assim estamos a fazê-lo. Sendo que mudar de casa para uma Ilha que fica a duas horas e meia de carro da cidade, por uma estrada de terra batida, e depois ainda há uma travessia de barco de uma hora em que só podemos fazê-la quando a maré deixa, não é propriamente simples.
E assim estamos a fazê-lo. Sendo que mudar de casa para uma Ilha que fica a duas horas e meia de carro da cidade, por uma estrada de terra batida, e depois ainda há uma travessia de barco de uma hora em que só podemos fazê-la quando a maré deixa, não é propriamente simples.
Mas faz-se! É aqui que eu peço licença à Sra. Natureza, por quem eu tenho um imenso respeito, e admiro a força do Homem. A vontade e a ambição (da boa, não é ganância) movem montanhas – neste caso barcos!
No nosso carro, seguiu uma bagagem pesada, que depois a braços foi toda posta dentro de um barco. E em hora e meia estávamos no Ibo e lá, novos braços carregaram tudo até casa. E tudo chegou, nem um copo de partiu.
Tudo se consegue – é preciso alguma organização e bom senso, mas tudo se consegue. Ainda conseguimos reparar um furo no pneu e trazer connosco o nosso amigo Gonçalo, que deixou a sua mota em Pemba, acompanhando-nos nesta viagem, neste dia zero como habitantes do Ibo.
Abrir uma casa que esteve fechada mais de um ano, numa Ilha, cheia de pó e de vento, junto ao mar, foi o desafio seguinte. Ligar uma bomba de água e um gerador, devolver a água aos canos, fazer a limpeza da casa, em cada divisão, duas e três vezes pois as camadas de pó eram espessas como cimento, recuperar móveis partidos e ainda fazer a nossa cama com lençóis lavados.
Em dois dias conseguimos, com a boa ajuda do nosso amigo Elder, um “anjo” que está no Ibo com um projecto de turismo fantástico, o Miti Miwiri, e os quatro trabalhadores que tivemos ao nosso lado. Duas mulheres, a Rabina e a Kari (que trazia a sua bebé no lenço às costas e enquanto varria dava de mamar ao mesmo tempo!) e dois homens, o Sahid e o seu companheiro, que trataram da limpeza do poço e do jardim, queimando todo o lixo e o capim.
E tudo começou a ganhar vida naquela casa. Ela foi respirando e até os seus anteriores “habitantes” tiveram de fazer as malas rapidamente e fugir – era a fuga das aranhas, das osgas, dos lagartos, das baratas e dos ratinhos do campo!
A tudo isto acrescentamos um calor abrasador e uma humidade muito alta. Foi exaustivo e cansativo, mas a casa lá ficou, a cheirar a limpo e pronta para nos receber e a quem nos quiser visitar.
Ainda conseguimos no último dia fazer um passeio de barco, uns mergulhos no Índico, no meio dos peixes hiper coloridos, ir ao banco de areia e conversar sob as estrelas. O céu no Ibo é tão estrelado que podia ser feito um papel de parede! E depois há os pássaros, os que se ouvem de noite e os do dia. E ainda houve um grilo que dormiu no nosso quarto durante estes dias – deve ter sido dos tais que não apanhou o chapa a tempo da fuga, com os outros!
Ao fim do último dia apanhamos o barco de regresso a Pemba, precisávamos de voltar pois ainda falta a arca frigorífica e algumas coisas para a casa. Tratar de alguns assuntos, e ver o Benfica ontem!
Todos estávamos cansados, tínhamos estado a trabalhar sob um imenso calor, apanhamos sol, andamos de barco, dormimos pouco, não havia café… a entrada para o barco era uma espécie de tréguas que a Ilha nos estava a dar. “Vão ao vosso descanso, mas voltem”.
Caminhamos lentamente, entre a água, com o sol já baixo e o calor mais manso. Ao nosso lado percebemos que também viriam outras pessoas no barco, locais da Ilha. Traziam um grande embrulho, com um ar muito cuidado. Era um bolo de noiva que seguia para a Quissanga, um bolo de noiva branco com três andares! Tinha sido feito pelo pasteleiro no Ibo e ele próprio (na foto é o da esquerda, chama-se Sahid) acompanhava a sua obra.
Nós os quatro e o Sahid regressamos a terra. O barco deslizava pela água cheia, o mar reflectia uma imensa calma, e um carreirinho de formigas viajava no barco, à volta de um bolo de noiva branco.
Partimos com um sonho, regressamos com a promessa do amor eterno.
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