Conversas do Divã #3

O Sentido da Vida

Não sei se o mesmo se passa convosco.
Sinto que é um fenómeno que me tem vindo a acontecer de maneira muito consistente e suave, não é nada de brusco ou  violento.
São coisas que vão surgindo na minha vida, pessoas que vou conhecendo, situações que me sucedem por precisamente eu ter muito pensado, lido, falado, visto ou desejado sobre elas.
O que eu quero dizer é o seguinte, o Borda d'Água tem razão quando diz que: "quem semeia ventos, colhe tempestades".
Tenho cada vez mais a forte convicção de que colhemos o que semeamos, de que sempre um dia na vida vemos o resultado daquilo que cultivamos de forma congruente.
E hoje, em jeito de dia mundial da terra, admito que sempre fui uma adepta da sementeira!

Tudo o que formos fazendo, construindo, pesssoas que vamos conhecendo, momentos passados, projectos em que nos envolvemos, conversas que travamos, frases que trocamos, tudo. Tudo isso volta à nossa vida, em jeito de um eterno retorno. E é isso que me faz experimentar fenómenos maravilhosos e sentir o verdadeiro significado da expressão: o sentido da vida.
Prova mais factual que vos posso dar: tanto tenho eu pensado sobre o "sentido da vida", o maior e mais actual leitmotiv da nossa sociedade ocidental, que no outro dia desafiaram-me a participar numa colectânea de contos  para edição e comercialização, cujo mote é esse mesmo que estão a pensar.
Há 6 anos comecei a largar as sementes da escrita. Pé ante pé, ousei arriscar nesse mundo!
Hasteei a bandeira do partido: "Quero ser escritora" quando voltei de Moçambique, há 1 ano.
Sementes e mais sementes fui largando, tirando cursos, escrevendo contos, participando em concursos. Agora vejo o meu nome e por baixo a designação: escritora.
Estremeço!
Mas afinal o que é preciso para se ser escritora?
Durante a viagem que fiz por África do Sul e também nas viagens por Moçambique, preenchia as fichas dos alojamentos, em que nos pedem o nome e a morada e algumas vezes a profissão, com a palavra: writter/ escritora.
Escrevi o sonho em vários sítios.
Fui deitando mais sementes.
Nada disto é ficção científica, tudo faz parte de um caminho e de um processo. É desse processo que resulta o ser "escritor", "pintor", "músico", "mecânico de automóveis".
Tem de haver um percurso com obstáculos, paragens, recuos e avanços.
É desse caminho que se faz o resultado que se procura.
Por precisamente eu ter feito tudo o que fiz (os vários cursos escrita criativa, criar este Blogue, publicar contos, participar em concursos...) e ainda ter hasteado a minha bandeira, sem o medo do julgamento alheio, cheguei agora a esta "primeira colheita". 
Alcancei um ponto. O caminho não parece terminar.
Sei que esse caminho significa desconforto, dor. As zonas de conforto não me permitem avançar. Mas eu não tenho medo.
Retomo o caminho, de saco de sementes numa mão, regador na outra e um sorriso na minha alma.
E é quando a alma pensa que existe e o caminho sabe-se desconfortável que  mais queremos alcançar aquilo que procuramos desde que nascemos, sem medo: o sentido da vida.

"Também eu estou na mesma situação que tu, meu amigo. Não vou para lado nenhum. Estou apenas a caminho. Sou um peregrino."
Siddharta
Herman Hesse



Comentários

Anónimo disse…
assino por baixo,
querida amiga
Anónimo disse…
É isso tudo , mais o dar e receber diário.Continua sempre a escrever.

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