Fomos dar banho ao cão!
- Ena, Flash! Grande banho! Ficaste com o pêlo lindo, super cheiroso e luzidio! Estás outro cão, não achas?! Não sentes o teu pêlo muito mais macio e suave?
- Aquilo agora vai ser sempre assim?
- O quê? O banho?
- Sim. Vais-me lá levar muitas vezes?
- Não. Basta uma vez por ano, mas tu nunca tinhas tomado um banho a sério, Flash. Estavas mesmo a precisar!
- Do quê?
- De um banho! Não me digas que não gostaste?
- Mais ou menos. Aquilo a seguir fica-se um bocado mole e cheio de sono. Os outros estavam lá todos a dormir, também. Dá-me ideia que elas põem coisas no banho. Dormi a tarde toda e ainda hoje acho que sinto os dedos delas a esfregarem-me o pêlo.
- Oh, Flash! Mas repara como estás tão bonito?
- Mas eu estou igual, e aliás, até acho que deito muito menos cheiro e já não deixo tanto surro nas paredes, o que é uma maçada.
- Precisamente!
- E depois aquele secador. Aquele barulho horrível tu aceitas, mas a mim não me deixas ladrar na varanda quando eu quero cumprimentar os 47 cães que passam na rua, o carteiro, o homem que traz aqueles sacos de plástico que cheiram lindamente, e o outro que traz a tua roupa e a do Alfa, e os meninos que brincam na rua, e... por falar nisso...
- Sim.
- Acabou de passar a Sushi, que de certeza o dono dela não a leva ao sítio onde me levaste para ser drogado (eu ainda faço queixa à União Zoófila).
- E então?
- Então eu devia ir lá abaixo cheirar o xixi dela e mais os 25 sacos do lixo que estão nos cantinhos.
- Voltamos ao mesmo. És mesmo impossível!
- Olha, menina, impossível foi aquilo que me fizeste no outro dia, sim? E por isso, e porque não ladrei, não me zanguei com ninguém, e sei que me portei lindamente e tu ficaste toda orgulhosa de mim, eu mereço ir à rua e estar a cheirar a mesma pedra pelo menos 1 minuto.
- Está bem, anda lá.
- É preciso uma pessoa passar por estas figuras, sofrer na pele a humilhação para só depois disso merecer um mísero passeio na rua.
- Tu não és uma pessoa, Flash. És um cão.
- Não percebi?
- ...
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